segunda-feira, 30 de março de 2015

VOTOS E PRECEITOS




Supõe-se que, atualmente, na Índia exista entre 4 a 6 milhões de jainistas entre monges, freiras (sadhus e sadhvis, respectivamente) e devotos.

Mahavira, o reformador da doutrina jaina certa vez disse:

"O homem sem conhecimento leva milhões de vidas para extirpar os efeitos do carma, ao passo que  um homem que possui o conhecimento espiritual e disciplina extingue-os em um único momento."

Esse conhecimento espiritual e disciplina vem da vida monástica, da abdicação da vida mundana, da renúncia completa e total.  Os devotos ou leigos jainistas aspiram atingir esse nível de iluminação, de sabedoria e é por essa razão que eles veneram as ordens monásticas.

Existem dois grupos ou seitas dentro da filosofia jaina:  

os Digambara - vestidos de espaço
os Svetambara - vestidos de branco

Dentro desses dois grupos existem muitas sub-seitas, entretanto, existem pequenas diferenças doutrinárias entre elas.  A separação vem de diferenças de ritos e práticas.  Por exemplo, na seita Digambara os ascetas ou monges andam nus, pois isso significa renúncia - desapego das coisas terrenas, tanto de bens materiais como de conceitos e emoções (como vergonha, vaidade, etc...).  Eles se utilizam apenas da própria atmosfera em torno deles, daí o nome "vestido de espaço".  Já os monges ou ascetas svetambaras usam vestes brancas.  Os svetambaras acreditam que as mulheres podem alcançar a libertação (moksha), já os Digambaras, por terem algumas restrições sociais com respeito a elas, creem que só numa posterior encarnação como homens conseguirão isso.

asceta Digambara



asceta Svetambara



Dentro dessas seitas e sub-seitas jainistas vemos várias formas de culto.  Há os que adoram ídolos (imagens e estuetetas dos Tirthankaras)  e há os que rejeitam tal forma de ritual.  Todos os grupos, porém, têm a não violência (ahimsa) como a parte mais importante de sua filosofia.

Sobre isso cada seita tem um voto específico de comportamento e renúncia.  Umas acrescentam alguns outros itens, mas basicamente todas incentivam a: que os devotos se empenhem e perseverem nos seguintes compromissos:

Não violência (ahimsa)
Veracidade (satya)
Não roubar (asteya)
Desapego (aparigraha)
Celibato (brahmacharya)


Os devotos em maior ou menor grau se empenham para perseverar nesses compromissos.  Já os ascetas, monges e freiras tem que segui-los rigorosamente.

E há também alguns outros preceitos que devem ser seguidos para que todos os jainistas, independente de qual seita pertençam,  busquem o caminho da realização espiritual .  São eles os três apoios (Gupti) e os cinco cuidados (Samiti); ou, em outras palavras, são as três regras  de evitação de má conduta (Gupti) e as cinco regras de conduta (Samiti).



Os três apoios (Gupti):

Controle da mente (managupti)
Controle da fala (vacanagupti)
Controle do corpo (kayagupti)


Os cinco cuidados (Samiti):

Cuidado ao caminhar (irya samiti)
Cuidado ao se comunicar (bhasha samiti)
Cuidado ao comer e angariar artigos(eshana samiti)
Cuidado o manusear objetos (adana nikshepana samiti)
Cuidado ao jogar fora artigos, resíduos ou detritos 
                                                         (pratishthapana samiti)


Explicando melhor os três apoios (Gupti):

Controle da mente - não se concentrar em  maus pensamentos; proteger a mente de pensamentos impuros como a raiva, o ódio, a ganância, a inveja, o egoísmo, etc.  Sempre perdoar e dedicar a mente para a meditação de assuntos elevados.

Controle da fala - não  proferir palavras violentas ou desagradáveis que possam ferir os outros; praticar o silêncio.

Controle do corpo - Deve-se guardar o movimento do corpo de modo a não ferir outras criaturas; olhar sempre o caminho em que se pisa para não prejudicar ou matar uma vida inocente, como formigas, insetos, etc. Desenvolver um comportamento e uma postura dignos (inclusive no vestir) e de boas maneiras.


Explicando melhor  as cinco regras de conduta (Samiti):

Cuidado ao caminhar - deve-se andar de modo que nossos passos não causem dor ou morte de qualquer ser vivo.

Cuidado ao se comunicar - deve-se evitar as oito imperfeições do discurso: a raiva, o orgulho, o engano, a ganância, o deboche, o medo, a fofoca e a calúnia.

Cuidado ao comer e angariar artigos(eshana samiti) - deve-se comer apenas alimentos que não atentem contra a doutrina jainista e angariar artigos de igual modo.

Cuidado ao manusear objetos (adana nikshepana samiti) - deve-se usar objetos ou manuseá-los com cuidado de modo a não por em perigo a vida de criaturas pequenas e insetos.

Cuidado ao jogar fora artigos, resíduos ou detritos 
                                                         (pratishthapana samiti) - tomar cuidado para não ser inconveniente, nem causar dano ao jogar fora objetos ou resíduos.  Ter o cuidado de ver que nenhuma criatura é prejudicada ou incomodada por tais ações.


Assim sendo Samitis purificam as ações e as tornam virtuosas, enquanto que os Guptis são proibições contra atividades pecaminosas da mente, da fala e do corpo.  Ambos são igualmente necessários para a elevação espiritual.  Todas essas oito virtudes são conhecidas como Ashta Pravachan Mata.


segunda-feira, 2 de março de 2015

ASPECTOS DO JAINISMO

  



Vardhamana Mahavira foi contemporâneo de Buda, Confúcio e Lao-tse. Os jainistas acham que Mahavira (o Grande Herói) foi o último dos 24 homens santos (jinas, vencedores) que viveram antes que ele. Isso quer dizer que os jainistas acreditam que Vardhamana Mahavira foi o último Tirthankara do atual ciclo de tempo cósmico. Um Tirthankara é uma pessoa que conseguiu romper o ciclo de nascimento, vida e morte. 

A filosofia e prática jainista enfatiza a necessidade de esforços para libertar a alma da matéria e guiá-la para uma consciência superior a fim de se atingir a libertação (Moksha). Os jainistas acreditam que o homem é absolutamente dono de seu destino. 

Para eles todo o universo está vivo, sendo assim, o universo também possui uma alma. As pedras, as plantas, os animais, as nuvens, o sol, etc. fazem parte do universo e, portanto, há que os respeitar. Devido a isso, um dos pilares do Jainismo é o conceito de não violência (ahimsa), um princípio supremo. Princípio esse que deve ser aplicado tanto para os pensamentos, as palavras e as ações. A maior transgressão que um jainista pode cometer é causar dano a um ser vivo, seja homem ou inseto.

O símbolo do jainismo é a “mão jaina”, que está associado ao conceito da não violência (ahimsa). A mão com uma roda na palma simboliza o Voto Jainista de Ahimsa. A palavra no centro da roda quer dizer “ahimsa”. A “mão jaina” significa a decisão de deter o ciclo da reencarnação através da busca incessante da verdade e da não violência. 




Mão jaina


Essa prática da não violência (ahimsa), através dos tempos, propiciou que os jainistas, historicamente, se dedicassem mais aos negócios e ao comércio do que à agricultura (eles dizem que trabalhando no campo, lavrando a terra, forçosamente, matariam muitos insetos) e pecuária. A população jainista por ser formada por um grande contingente de empresários e comerciantes, estes e suas famílias costumam ter uma alfabetização e educação muito superior a média indiana. Os jainistas habitualmente são pessoas dinâmicas e empreendedoras em todas as áreas onde atuam. Importantes jainistas participaram na construção e desenvolvimento da Índia desde sua independência, isto em 1947. As comunidades jainistas estão fortemente organizadas em instituições de caridade que apoiam iniciativas culturais e educativas. São, também, de certa maneira, consideradas “lobbies” (lobby ou grupo de pressão é um grupo de pessoas ou uma organização que tem como atividade buscar influenciar, aberta ou secretamente, decisões do poder público, especialmente do poder legislativo, em favor de determinados interesses privados). 

O jainismo chegou a ser em vários estados da Índia religião oficial, mas depois da invasão muçulmana no país a situação modificou. Estima-se que exista atualmente entre 4 a 7 milhões de jainistas na Índia. Estes espalhados pelos estados de Bengala, Rajastão, Maharastra, Gujarat e Karnatka. Pese o seu reduzido número de adeptos, se comparada com a população indiana, sua influência na política, na economia e na cultura é considerável. 


A adoração é um ato de respeito, de consideração, de reconhecimento que algo ou alguém tem valor ou vale a pena. Posto isso, apesar de os jainistas não terem um Deus a quem adorar, eles oferecem culto aos 24 Tirthankaras. Os Tirthankaras foram seres humanos comuns que conseguiram escapar dos ciclos de renascimentos e ensinaram aos outros como, também poderiam escapar desse ciclo. Tirthankara em sânscrito quer dizer “fazedor de vau”. A palavra é sinônimo de Jina que quer dizer “vencedor”. Vardhamana Mahavira é considerado um Tirthankara pelos jainistas. Os devotos jainistas, oferecem reverência a esses seres em função do que foram e do que fizeram. Os devotos não oram pedindo, graças, ajuda, favores (eles sabem que um Tirthankara, um ser que alcançou a liberação está além de tais atividades); oram desejando, apenas, se tornar mais parecidos com eles para que assim, também, possam chegar ao mesmo destino. 


Como os jainas cultuam seus ídolos? 

Nem todas as seitas jainistas adoram da mesma maneira. Há algumas seitas dentro das duas principais divisões jainistas (Svetambara e Digambara) que não utilizam imagens ou ídolos de pedra (estatuetas). Estas seitas são: o Taranapantha, Sthanakvasi e Tera phanti. Para essas a ênfase é colocada no estudo das Escrituras, nas orações silenciosas e na meditação. Para os jainistas que utilizam imagens e estatuetas a adoração diária pode ocorrer em qualquer espaço sagrado em casa ou em um templo da comunidade. Essa reverência, esse culto independente de onde se realize – no lar ou no templo - é chamado de “puja”. O “puja” em casa se dá do seguinte modo: geralmente numa prateleira ou mesa que serve de altar há pelo menos um ídolo ou estatueta. O devoto toma banho, veste-se com roupas brancas ou uma roupa adequada à ocasião, entra no recinto e diz em frente ao ídolo “Namo Jinanam”, que significa “Eu me curvo ao Jina”. Após essa saudação repete a palavra “Nisihii” três vezes para ajudar a remover pensamentos indesejados e trazer o foco para o culto. Já concentrado o devoto recita o mantra mais importante da fé jainista que é o Mantra Namokar. O mantra Namokar é complemento de outro mantra. O mantra quando recitado em suas primeiras 5 linhas chama-se Mantra Pancha (panch – 5), quando recitado com as 9 linhas chama-se Mantra Namokar ou Mantra Navkar (nav – 9). Eis o mantra: 



Namo Arihantanam 
Namo Siddhanam 
Namo Ayariyanam 
Namo Uvajjhayanam 
Namo Loe Savva-sahunam 
Eso Panch Namokaro 
Savva pavappanasano 
Manglananch Savvesim 
Padhaman Havei Mangalan 


 MANTRA NAVKAR OU MANTRA NAMOKAR 

Namo Arihantanam – Eu me curvo a Arihanta 
Namo Siddhanam – Eu me curvo a Siddha 
Namo Ayariyanam – Eu me curvo a Acharya 
Namo Uvajjhayanam – Eu me curvo a Upadhyaya 
Namo Loe Savva-sahunam – Eu me curvo a Sadhu e Sadhvi 
Eso Panch Namokaro – estes cinco gestos de veneração 
Savva pavappanasano – destroem todos os pecados. 
Manglananch Savvesim – Entre tudo que é auspicioso 
Padhaman Havei Mangalan - este Navkar Mantra é o mais valioso.

O “puja” ou ato de adoração pode ser mais simples ou mais elaborado; isso fica a critério de cada devoto. Alguns preferem praticar este ritual fazendo orações silenciosas; orações essas que enaltecem as virtudes dos respectivos ídolos e que prometem a observância dessas virtudes por parte de quem ora. É comum também a prática da meditação para realização do culto. Quem visita o templo, ou quem tem ídolos de pedra em casa pode circundar a estatueta três vezes e realizar o “puja Snatra”. 

O “puja Snatra” ou também chamado de “Snatra Mahotsav” é um cerimonial onde se realizam oferendas tais como arroz, doces, panchamrita – que é uma bebida feita com mel, açúcar, leite, iogurte e ghee (um tipo de manteiga) - flores e frutas (que devem ter caído de forma natural), espelhos, moedas, joias, etc. para o ídolo em questão. No “puja Snatra também a adoração é feita com músicas e danças. Outra característica dessa adoração é que o arroz ofertado é muitas vezes apresentado na forma de uma  figura. Essa figura é a suástica, que representa os quatro tipos de renascimento: como seres celestiais, como humanos, como criaturas inferiores e como criaturas do inferno. Três pontos estão em cima do símbolo de quatro faces. Esses pontos representam as Três Jóias do jainismo: Fé correta, Conhecimento correto e Conduta correta. Acima dos três pontos é um ponto final e um crescente que simboliza libertação (moksha).



 Suástica Jaina

domingo, 1 de março de 2015

VARDHAMANA MAHAVIRA




NASCIMENTO E INFÂNCIA 

Vardhamana Mahavira nasceu no ano de 599 a.C. perto de Vaishali – um bairro perto de Bihar, na Índia. Seu pai chamava-se Siddharta e sua mãe Trishala. Seu pai pertencia à casta guerreira e era líder de um clã. A mãe era filha de Chetak, o poderoso e famoso rei de Vaishali. Vardhamana Mahavira tinha um irmão mais velho cujo nome era Nandivardhana e seis tias maternas que eram casadas com vários reis da Índia Oriental. Eventualmente seu relacionamento com esses reis, posteriormente, ajudou a promover a reforma jainista no país. 

Vardhamana Mahavira recebeu toda a educação necessária para tornar-se um príncipe. Ele aprendeu com rapidez e facilidade tais ensinamentos. Tinha conhecimento sobre literatura, arte, filosofia, ciências militares e administrativas. Mas logo constatou não estar interessado em coisas mundanas e queria renunciar a elas. Seus pais, porém, não permitiram que fizesse isso. 

Quando Vardhamana Mahavira tinha 28 anos seus pais morreram. Ele achou que estava livre para deixar o palácio, entretanto, seu irmão Nandivardhana pediu-lhe para não sair de repente; convenceu-o a ficar com ele por mais algum tempo. Para respeitar o irmão mais velho permaneceu ali até a idade de 30 anos. Nesses dois anos Vardhamana praticou a autodisciplina e exercitou-se para tornar-se um asceta. Aos 30 anos ele doou todos os seus bens pessoais para pessoas pobres e carentes e em seguida deixou sua casa. Ele vagou com os pés descalços por lugares estranhos e agrestes. Ele meditava nesses lugares e não falava com ninguém. Raramente tinha comida para se alimentar e jejum era uma coisa comum para ele. Algumas pessoas de comunidades por onde passava assediavam-no com zombarias e provocações, mas ele nunca reagiu. Após 12 anos de muito ascetismo e sua busca pela verdade Vardhamana se tornou um monge nu. Ele tomou sua primeira refeição depois de se tornar um monge de uma mulher chamada Slave Chandana. 

Vardhamana Mahavira viajou para várias partes do norte da Índia sem o uso de qualquer veículo, sempre com os pés descalços. Ele passou por Bihar, Jharkhand, Bengala Ocidental, Orissa e Uttar Pradesh. Em seu percurso por esses lugares ensinou e pregou o modo de vida que se deve adotar. Ele anunciou uma guerra silenciosa contra o sacrifício de animais. Todos os tipos de pessoas, sem distinção de castas, foram atraídos para os seus ensinamentos – isso incluía reis, rainhas, homens, mulheres, ricos e pobres. Muitos brâmanes acadêmicos como Indrabhuti Gotama, Agnibhuti, Vayubhuti e outros mais se juntaram a sua missão com seus milhares de alunos e discípulos. Indrabhuti Goutama e vários outros brâmanes compilaram toda a doutrina e instruções de Vardhamana Mahavira. Sherenik Bimbisar, que era o famoso e poderoso rei de Rajgrahi também tornou-se seu discípulo. Sherenik Bimbisar perguntou a Vardamana que lhe desvendasse questões sobre a alma, renascimentos, meditação, shraman (sramana), tradição e história e obteve todas as respostas. Estas perguntas e respostas foram escritas por Indrabhuti Gotama e são preservadas até hoje na literatura Jaina. 



 ENSINAMENTOS DE VARDHAMANA MAHAVIRA 

Os ensinamentos de Vardhamana Mahavira pertenciam a antiga e pré tradição ariana do shraman (sramana), que foram movimentos religiosos que surgiram paralelos e separados da religião histórica védica. Esses movimentos não reconhecem a autoridade dos brâmanes nem dos Vedas (escrituras sagradas do hinduísmo). O jainismo não acredita na teoria da criação nem a de um Deus criador. Segundo ele, ninguém criou o universo. O universo não teve princípio nem terá fim. Somente mudanças ocorrem. Um ensinamento relevante no jainismo é o anekantavada. Esse ensinamento se refere aos princípios de pluralismo (O pluralismo é um termo usado em filosofia que significa “doutrina da multiplicidade”. Doutrina essa que se contrapõe ao monismo que significa “doutrina da unidade” e ao dualismo que significa “doutrina da dualidade”) e diversidade de pontos de vista. De acordo com os ensinamentos jainistas, toda a verdade tem muitos ângulos ou pontos de vista. Cada observador consegue observar parte da verdade, não à verdade inteira. Por ser assim o observador não está totalmente errado. Mas a verdade só pode ser admitida somente após considerar-se todos os aspectos. 

Vardhamana nunca admitiu a divisão da sociedade em classes ou castas. Segundo ele uma pessoa se torna grande por seus próprios atos e não por ter nascido nessa ou naquela comunidade, classe ou casta. Uma de suas citações mais famosas é : Eko manuss Jaai – que significa que toda a humanidade é uma só. Isso quer dizer que pessoas de classes ou castas diferentes podem ser monges ou adeptos (seguidores) nas comunidades jainistas. 
A doutrina de Vardhamana Mahavira foi baseada em três preceitos que são chamados de As Três Jóias do jainismo. Esses três preceitos são: 

Reto Conhecimento 
Reta Fé 
Reta Conduta 

Alguns desses ensinamentos incluem: 

AHIMSA (não violência): Deve-se evitar todos os tipos de violência; isso inclui: não ferir os outros com palavras. Não se deve matar qualquer criatura viva, nem ser causa de assassinatos. Por causa disso o vegetarianismo tornou-se algo fundamental para os discípulos do jainismo. No entanto não se pode condenar assassinatos inevitáveis, consequentes de trabalhos de rotina como, por exemplo, os praticados nas tarefas de agricultura. O jainismo também não condena cabalmente a violência quando se trata de proteger a si mesmo, a família, a aldeia ou nação. 

VERDADE: Não mentir, falar somente a verdade. Mas evitar sempre falar a verdade amarga que irá machucar os outros. 

NÃO ROUBAR: Não subtrair coisas que pertençam a outro sem seu consentimento. 

NÃO POSSE: Não possuir melhores e maior número de coisas do que as que a necessidade exige. O excesso de dinheiro deve ser doado para causas nobres. 

CELIBATO: Controlar os desejos sexuais. Nunca envolver-se em relações extraconjugais. 



A MOKSHA DE VARDHAMANA MAHAVIRA 

Para Vardhamana Mahavira o objetivo final da vida para todo mundo é alcançar a moksha ou libertação. Moksha nada mais é do que romper o ciclo de nascimento, vida e morte. Vardhamana atingiu a moksha na madrugada de uma noite sem lua em Pavapuri, em Bihar quando tinha 72 anos (527 a.C.).  Nesse mesmo dia, seu principal e fiel discípulo Indrabhuti Goutama atingiu o Keval Gyan, ou seja, a onisciência ou conhecimento absoluto. 

A notícia da moksha de Vardhamana Mahavira se espalhou por todo o território onde perambulou e os dirigentes de 14 reinos se reuniram em Pawapuri (localizado em Bihar). Eles participaram do funeral daquele que consideravam seu grande mestre, um Jina ( vencedor), aquele que alcançou um estado de perfeição espiritual. A morte de Vardhamana Mahavira, não foi para toda a comunidade jaina uma ocasião de tristeza, mas de alegria. Vardhamana estava livre do nascimento e morte e isso era motivo de júbilo. Decidiram, portanto, lembrar essa data, comemorando a cada ano com um festival de luzes e cores. Essa cerimônia se perpetuou - até os dias atuais ela acontece na Índia.