sexta-feira, 29 de maio de 2015

MUDRAS


MUDRAS


Mudra é um termo sânscrito. Provém da raiz mud, que quer dizer alegria, gozo e ra, que quer dizer produzir. Literalmente portanto são gestos que produzem alegria.  Em outros significados livres do termo, mudra também é traduzido como selo, rótulo, senha ou chave. A palavra mudra para ser pronunciada corretamente deve levar o acento tônico na letra "a", sendo ela uma palavra de gênero masculino.  Portanto, devemos dizer "O Mudrá".

Os mudras descrevem gestos do corpo, principalmente o das mãos, que tem o objetivo de  facilitar o equilíbrio da energia vital de uma pessoa. Os mudras também nos conectam com arquétipos essenciais. Em suma, eles são gestos que expressam pensamentos e sentimentos em situações da vida cotidiana e afirmam nosso nível de graduação mental (racional e emocional).  A origem dos mudras é milenária. Segundo as tradições indianas eles transportam mensagens de nossas mãos para o nosso ser físico, psicológico e espiritual. O mudra é uma maneira de conduzirmos nossa própria energia para que tenhamos mais equilíbrio e possamos tirar um proveito melhor do prana. As posições dos dedos, bem como a sutil pressão feita por eles canalizam a energia equilibrando todo o ser. A sensação que se tem é a de uma vibração suave nos dedos. No início dessa prática pode haver uma sensação de dormência, de calor ou frio. A contínua prática dos mudras forma um fluxo de energia que nos leva a experimentar um total bem estar.

Para ter acesso a mais informações e também a visualização de vários gestos dessa prática clique abaixo:


OS MUDRAS (em português)


Hasta Mudra (in English)



quinta-feira, 28 de maio de 2015

ESCRAVIDÃO É A SUA ESCOLHA? - Pujya Gurudevshri Rakeshbhai



ESCRAVIDÃO É A SUA ESCOLHA?

Prédica de Pujya Gurudevshri Rakeshbhai



Pujya Gurudevshri Rakeshbhai


Todos nós estamos muito familiarizados com o nosso mundo externo. No entanto, existe um outro horizonte, um outro âmbito completamente desconhecido em nosso interior: o da Consciência Pura. O mundo exterior sendo perceptível significa tudo para nós. Estamos tão envolvidos com ele que não temos nenhuma relação com a consciência interna. Por que estamos tão ligados ao mundo que nos rodeia, a ponto de permanecermos alheios a divindade que existe dentro de cada um de nós?


O Que Causa a Sujeição

Uma vez um casarão pegou fogo. O proprietário ficou desconsolado. Como não parava de lamentar-se, alguém aproximou-se e disse: "Você não precisa se preocupar. Ainda ontem o seu filho vendeu esta casa". No mesmo instante, o dono do imóvel parou de chorar. A mansão ainda estava em chamas, no entanto ele não estava mais triste.  O que havia mudado? Agora ele sentia de outra maneira: "A casa não é mais minha". Anteriormente, ele se sentia miserável, não porque o casarão estava queimando, mas porque o "seu" casarão estava queimando. Agora não fazia a mínima diferença se tudo aquilo estava pegando fogo ou não. Exatamente naquele momento o seu filho veio correndo e o alertou que, embora o acordo de venda estava assegurado, o dinheiro ainda não tinha sido recebido; e uma vez que ocorreu o incêndio no imóvel, não havia garantia de que o comprador pagaria. Diante disso o proprietário  começou a chorar novamente.

O que nos liga ao mundo exterior é o nosso sentimento de "isso é meu" - a extensão do nosso ego. "Minha esposa", "meu filho", "meu amigo", "minha casa".  Onde que que haja apego, há sempre escravidão.


Quanto maior o apego ao mundo exterior, mais forte é a escravidão. Sem darmos conta disso, acreditamos que quanto mais uma pessoa reivindica como sendo "suas" pessoas e coisas, mais feliz e mais bem sucedida ela é; e, ao contrário, uma pessoa que nada possui, ou tem poucas coisas que pode chamar de "suas", é considerada infeliz ou fracassada.




O Hábito do Apego

Apego leva a escravidão e isso leva a miséria. Por incrível que pareça, nós criamos apego até mesmo por causa de um drama visto no teatro. Por exemplo, no enredo da peça teatral "Ramleela", há uma cena do rapto de Sitaji.  Quando assistimos Shri Rama em agonia, ficamos tão identificados com a história, com os personagens e as emoções envolvidas que quando ele é visto ansiando por Sitaji e pedindo as árvore: "Você sabe onde minha Sita está?", isso nos leva às lágrimas. Nós esquecemos, completamente, que tudo aquilo é apenas uma ficção, uma peça teatral e que "Sita" é apenas uma atriz e que, naquele momento, está atrás da cortina, provavelmente, tomando um cafezinho no camarim.

Temos essa reação, nos iludimos, até mesmo, com novelas de televisão  ou com filmes projetados em uma tela. Um filme é apenas um jogo de luz e sombra. Ele não é real, porém nós esquecemos isso e nos identificamos com as cenas. Meras projeções nos enganam. Cenas irreais trazem lágrimas reais aos nossos olhos. Da mesma forma, nós nos deixamos levar por aquilo que vemos em nossos sonhos. Os sonhos não são reais; são apenas projeções. Um sonho de morte, por exemplo, produz sofrimento real;  aumenta as palpitações cardíacas, quando, na realidade, ninguém morreu.


Se podemos ficar presos, até mesmo, a um drama teatral, a um filme ou a um sonho, então, mais fácil é ficarmos apegados e amarrados a fatos reais da vida. Nós criamos nossa própria servidão por ficarmos atados ao mundo que encontramos. Este hábito de ligação é tão forte que podemos renunciar à nossa própria casa e nos retirarmos para uma floresta ou uma comunidade de ascetas, mas, ainda assim criaremos servidão por onde passarmos.  Na floresta, certamente, desenvolveremos apego a uma caverna; na comunidade de ascetas nos afeiçoaremos a este ou aquele.




Você Escolheu a Escravidão

O homem é muito inteligente. Ele joga a responsabilidade de seu cativeiro e o consequente sofrimento nos outros. Ele cria seu próprio cativeiro, mas joga a culpa sobre a esposa, o filho, os seus negócios, etc. No entanto, as coisas externas são incapazes de qualquer ligação. Escravidão é uma escolha nossa. Somos escravos do mundo exterior porque queremos ser. Ninguém pode nos escravizar se não quisermos ser escravos. Nós escolhemos permanecer atados ao mundo exterior e, por isso, estamos nele.

Muitas pessoas vêm a mim e dizem: "Estou muito interessado em assistir às oficinas de meditação que você realiza, mas o que posso fazer? Meu negócio me segura.  Meus deveres e compromissos me impedem...". E eu começo a me perguntar: "Por que nos acorrentamos? Por que não podemos perceber a simples verdade de que nós somos os criadores de nossa própria escravidão? Por que culpar os outros? Ninguém amarra ninguém, porque ninguém pode amarrar o outro. Somente aqueles que gostam de estar no cativeiro se escravizam. Se você gosta de estar atado você sempre encontrará um poste para sentir-se preso.


Suponhamos que eu pendure o casaco em um bengaleiro e, em seguida, exclame aborrecidamente: "Este gancho pendurou meu casaco.". As pessoas me chamarão de louco. Eles dirão que eu retire o casaco do cabide, pois ele não me forçou a pendurá-lo. Fui eu que quis colocá-lo lá. Da mesma forma o mundo não nos escraviza; somos nós que queremos estar presos a ele. Se nos desprendermos do mundo estaremos livres para nos voltar para dentro de nós mesmos; entenderemos que o apego, o "querer" estar amarrado - é isso que nos prende. Nada mais.


Portanto, o mundo não escraviza ninguém. É você que se acorrenta. Você é o único responsável por sua escravidão; a causa dela é você. Como pode uma casa aprisionar você? Como pode o seu cônjuge e filhos amarrá-lo? Na verdade, você se torna escravo de sua própria vontade. Você deseja ser um escravo, por isso você é escravizado e sofre.




O Entendimento Leva a Libertação

Se tomarmos conhecimento do fato de que somos nós os criadores de nossa escravidão, então ficaremos com apena uma pergunta: "Se eu não quero a escravidão por que não posso eliminar a causa do cativeiro e libertar-me?" A mente aqui entra com um outro truque. Quando percebemos que estamos na escravidão nós procuramos fazer mudanças externas, mas não abandonar o hábito de criar mais escravidão, de criar outras formas de nos manter acorrentados. Por exemplo, cansado de ser um homem de negócios me oferecem para trabalhar numa comunidade de monges; aceito e, por final, acabo me apegando a tudo aquilo - pessoas, lugares, etc. Assim o sentimento de apego permanece intacto, apenas as coisas e os seres mudaram. Em outras palavras, as pessoas e o cenário mudaram, não eu. Ao alterar os objetos de apego, nós, meramente, nos iludimos que nos transformamos, que não somos mais escravos.

Uma vez assim, é essencial entendermos, claramente a natureza da escravidão e sua causa raiz. Se isso for compreendido você poderá perceber exatamente o que deve ser abandonado. Observando atentamente, compreenderá e reconhecerá cada item que o mantem cativo; descobrirá quando, onde e como essa forma de apego (à alguém ou à alguma coisa) o aprisionou. Com essa consciência será mais fácil romper com tudo isso e experimentar a sua verdadeira natureza, a Consciência Pura.

Que todos os seres percebam a causa da escravidão, embarquem na jornada interior e alcancem a liberdade eterna.


domingo, 24 de maio de 2015

ORAÇÃO DE CURA JAINA (POWERFUL HEALING PROTECTION JAIN PRAYER)


ORAÇÃO DE CURA JAINA

POWERFUL HEALING PROTECTION JAIN PRAYER -
SHREE UVASAGGHARAM STOTRA MANTRA







NAVKAR MANTRA II

NAVKAR MANTRA




 NAVKAR MANTRA

Namo Arihantanam
Namo Siddhanam
Namo Ayriyanam
Namo Uvajjhayanam
Namo LoyeSavvaSahunam

Eso PanchNamoKaro
Savva Pava Panasano
Mangala Nancha Savvesim, Padhamam Havai Mangalam



O SIGNIFICADO NAVKAR MANTRA


Namo Arihantanam
Eu me curvo a todos os seres iluminados (Arihantas) que atingiram o perfeito conhecimento, visão, felicidade e poder. Eu me curvo aos Arihantas que nos mostram que os ciclos de nascimento, morte e miséria pode ter fim; que nos mostram o caminho da libertação que é Conhecimento Correto, Fé Correta e Conduta Correta.

Namo Siddhanam
Eu me curvo a todas as almas liberadas (Siddhas) que atingiram o estado de perfeição e imortalidade. Eu me curvo aos Siddhas que seguindo a senda correta se libertaram de todos os carmas.

Namo Ayriyanam
Eu me curvo aos superiores das congregações religiosas (Acharyas) que seguem o caminho da libertação, pregam os princípios da religião e inspiram-nos a viver uma vida de moralidade e espiritualidade.

 Namo Uvajjhayanam
Eu me curvo aos mestres ascetas (Upadhyayas) que pelo seu grande conhecimento das escrituras religiosas nos explicam a verdadeira natureza da alma e do carma e nos mostram a importância da vida espiritual em detrimento da vida material.

Namo LoyeSavvaSahunam
Eu me curvo a todos os ascetas que seguem estritamente os cinco grandes votos de conduta, que são - não-violência, veracidade, não roubar,  celibato, não-posse - e inspiram-nos a viver uma vida simples.

Eso PanchNamoKaro
Savva Pava Panasano
Mangala Nancha Savvesim, Padhamam Havai Mangalam
Para estas cinco categorias de grandes almas eu ofereço a minha reverência. Tal reverência pode ajudar a diminuir as minhas transgressões e pecados. E entre todas as coisa que nos trazem genuína felicidade recitar esse mantra com a intenção de seguir o exemplo destas grandes almas é a felicidade maior.



AS CINCO CATEGORIAS DAS GRANDES ALMAS


ARIHANTAS


A palavra Arihanta é composta de duas palavras:


Ari = inimigos

hanta = destruidor

Portanto, Arihanta significa um destruidor dos inimigos. Esses inimigos são os desejos internos conhecidos como paixões. Estes incluem raiva, egoísmo, engano e ganância. Até que controlemos esses inimigos internos, a nossa verdadeira natureza ou o poder da nossa alma não será realizado ou manifestado. Algumas paixões são chamadas de "Ghati Karmas" porque elas afetam diretamente a verdadeira natureza da alma. As "Ghati Karmas" são classificadas em:


Jnanavarniya karma - obscurecimento do conhecimento

Darshanavarniya karma - obscurecimento da percepção
Mohniya karma - obstruções
Antaray karma - ilusões

Quando uma pessoa supera os "Ghati Karmas" ela é chamada de Arihanta. O Arihanta é alguém que alcança: 


- Kevalgyan - o conhecimento perfeito devido a destruição de todos os Jnanavarniya karma.


- Kevaldarshan - percepção perfeita devido a destruição do Darshanavarniya karma.


- Bem-aventurança devido a destruição de todos os Mohniya karmas.


- Infinito poder devido a destruição de todos os Antaray karma.


Há dois tipos de Arihanta: o Tirthankara e o comum (ou ordinário). O Arihanta Tirthankara são especiais porque eles revitalizam (ou trazem novos conhecimentos) para as quatro categorias  de pessoas  da comunidade (Jain Sangha).  Essas quatro categorias da Sangha são: sadhus (homens santos), sadhvis (mulheres santas), shravakas (chefes de família do sexo masculino),  shravikas (chefes de família do sexo feminino). Em cada metade de ciclo, conforme os jainas contam o tempo, vinte e quatro pessoas, a princípio como nós, sobem para o nível de Tirthankara. O primeiro Tirthankara foi Rishabha e o vigésimo quarto, e último, foi Mahavira. Um Tirthankara também é chamado de jina. Jina significa conquistador das paixões.  No momento da libertação da existência mundana (moksha), o Arihanta lança fora os restantes quatro Aghati karmas restantes que são:


Nam karma - estrutura física

Gotra karma - status ou posição
Vedniya karma - causa da dor e do prazer
Ayushya karma - tempo de duração

Estes quatro carmas não afetam a verdadeira natureza da alma, por isso eles são chamados de Aghati karmas. 


É muito interessante notar  que no Mantra Navkar oramos em primeiro lugar para os Arihantas e, depois, é que oramos para os Siddhas, uma vez que os Siddhas são almas que atingiram a perfeição -  destruíram todos os karmas (Ghati e Aghati) - e habitam um lugar mais elevado do que os Arihantas. Depois que os Siddhas atingem Mokha não temos mais acesso a eles. Já, os Arihantas ainda habitam a matéria, possuem um corpo material e por isso nos oferecem orientação espiritual. Não nos seria possível saber sobre os Siddhas, o que é Moksha e outros conhecimentos elevados se não fossem eles. A fim, pois, de mostrar nossa total reverência por tudo que eles são e representam, nós saudamos no Mantra Navkar primeiro os Arihantas, depois, os Siddhas.


SIDDHAS

Os siddhas são as almas liberadas.  Elas suplantaram completamente o ciclo de nascimento, morte e renascimento. Elas atingiram o estágio final, a salvação (moksha).  Elas não têm qualquer carma a cumprir, nem recolhem novos carmas. Os Siddhas são sem forma, gozam de felicidade eterna, têm conhecimento e percepção absolutos e seu poder é infinito. Os Siddhas têm oito características ou qualidades (gunas).  são elas:

Ananta Gyana - conhecimento infinito

Ananta darshana - poder infinito
Ananta labdhi - visão infinita
Ananta sukha - disciplina infinita
Akshaya sthiti - permanência sem alteração
Sendo vitaraga - imparcialidade
Sendo arupa - sem nome ou forma
Aguruladhutaa - é Deus (ou o que comumente chamamos de Deus)

ACHARYAS

A mensagem dos Tirthankaras é ensinada e exemplificada pelos Acharyas. Eles são nossos grandes mestres e líderes espirituais. A responsabilidade do bem-estar espiritual de toda a comunidade jainista repousa sobre os ombros dos Acharyas. Antes de chegar ao status de Acharya, o monge tem que estudar com afinco e obter completo domínio das escrituras jainas (Agamas).  Além de adquirir um elevado nível de excelência espiritual deve, também, ter capacidade de liderança.  Os Acharias conhecem diversos idiomas, e têm um bom conhecimento sobre filosofia e outras religiões.

UPADHYAYAS

Este título é dado aos monges (Sadhus) que adquiriram um elevado conhecimento das Escrituras e do sistemas filosóficos jainistas. Eles transmitem o seu saber para os Sadhus e Sadhvis.

SADHUS E SADHVIS


Homens e mulheres jainistas podem optar pela vida ascética quando ainda bem jovens, mas, muitos, só bem mais tarde tomam essa decisão. Encontram-se muitos monges e freiras jainas que já foram chefes de família.  Quando chefes de família desprendem-se dos aspectos mundanos da vida e passam a ter como meta a elevação espiritual, eles abdicam da sua vida comum e tornam-se Sadhus (monges) ou Sadhvis (freiras). Antes, porém, de se tornarem ascetas, eles devem observar a vida de outros Sadhus ou Sadhvis para compreenderem o seu estilo de vida e empenharem-se nos estudos religiosos.  Quando já se sentem confiantes de que serão capazes de adaptar-se as disciplinas e austeridades exigidas, informam isso a um Acharya. Se o Acharya confirmar que estão aptos, lhes concede o Deksha. O Deksha é a cerimômia de iniciação. Nela o monge ou freira faz os seguintes  votos:


Compromisso de não-violência (Ahimsa) - não cometer qualquer tipo de violência.  A não-violência é a maior de todas as virtudes, o núcleo de todos os textos sagrados e é a totalidade e a essência de todas as virtudes.


Compromisso de veracidade (Satya) - não ser protagonista de qualquer tipo de mentira ou falsidade. Uma pessoa que fala a verdade torna-se confiável, respeitável e querida. Veracidade é a morada da austeridade.


Compromisso de não roubar (Asteya) - não tomar nada, a menos que lhe seja dado. Um monge jamais deve usufruir de objetos roubados, jamais deve acicatar outra pessoa a furtar, burlar impostos, usar pesos e medidas falsos, adulterar documentos ou valores, etc.


Compromisso de continência sexual (Brahmacaria) - não entrar em quaisquer atividades sensuais. Toda a energia deve ser direcionada para assuntos que emancipem a alma dos grilhões do sansara (ciclo de mortes e renascimentos).


Compromisso  de não-posse - não adquirir mais do que o necessário para se manter.  Deve abster-se de acumular bens desnecessários devido a ganância insaciável, pois isso representa regredir na senda espiritual. Mahavira ensinou que a propriedade do objeto em si não é possessividade, no entanto apego a um objeto é possessividade.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

NAVKAR MANTRA I

NAVKAR MANTRA





O Navkar Mantra é o mantra mais importante do jainismo.   Este mantra também se chama Namaskar Mantra ou Namokar Mantra. Ambas as palavras, Namaskar e Namokar, querem dizer "Eu me inclino em reverência a...". Quando, pois, recitamos o mantra Navkar estamos nos inclinando, ou nos curvando com respeito aos Arihantas, Siddhas, Acharyas (chefes ou superiores dos sadhus e sadhvis - monges e freiras, respectivamente), Upadhyaya (os mestres que ensinam as escrituras aos sadhus e sadhvis) e sadhus e sadhvis. Essas cinco categorias são chamadas de Panch Parmeshthi  (grandes almas ou espíritos supremos). A intenção do Navkar Mantra não é adorar uma pessoa em particular, mas, sim, suas virtudes. Por esta razão esse mantra não menciona os nomes de qualquer Tirthankaras, Siddhas, Acharyas, Upadhyayas, sadhus e sadhvis. A recitação do mantra nos lembra que devemos nos esforçar para sermos como eles.

No Navkar Mantra está inserida toda a mensagem principal do jainismo. Se queremos ser libertados do ciclo de nascimentos e mortes, devemos dar o primeiro passo que é o da renúncia - tornando-nos monges ou freiras. Perseverando nessa senda, alcançaremos um estágio superior o de arihant e, finalmente, avançaremos para Siddha.  Siddha é quando alcançamos moksha - libertação do contínuo, nascer, morrer, renascer.  O objetivo de todo jaina é tornar-se um siddha.

 NAVKAR MANTRA

Namo Arihantanam
Namo Siddhanam
Namo Ayriyanam
Namo Uvajjhayanam
Namo LoyeSavvaSahunam

Eso PanchNamoKaro
Savva Pava Panasano
Mangala Nancha Savvesim, Padhamam Havai Mangalam


SIGNIFICADO DO NAVKAR MANTRA

Namo Arihantanam
Eu me curvo em reverência aos Arihants

Namo Siddhanam
Eu me curvo em reverência aos Siddhas

Namo Ayriyanam
Eu me curvo em reverência aos Acharyas

Namo Uvajjhayanam
Eu me curvo em reverência aosUpadhyayas

Namo LoyeSavvaSahunam
Eu me curvo em reverência a todos os Sadhus e Sadhvis


Eso Panch Namokaro
Essas cinco saudações

Savva Pava Panasano
destroem todos os pecados

Mangala Nancha Savvesim, Padhamam Havai Mangalam
e entre todas as coisas auspiciosas Padhaman Havai Mangalan é o mais auspicioso, 
ou
e entre todas as coisas auspiciosas esse louvor (ou mantra)  é o mais auspicioso



NAMOKAR MAHA MANTRA





NAVKAR MANTRA HAI NYARA - NAMOKAR MANTRA  - LATA MANGESHKAR






NAMOKAR MANTRA




AHIMSA NÃO É UMA RELIGIÃO VI

O QUE O JAINISMO ENSINA SOBRE A ORIGEM DA VIDA E A EVOLUÇÃO

Escrito por Gurudev Shree Chitrabhanuji



Gurudev Shree Chitrabhanuji

Os mestres jainas sustentam que em cada ser vivo existe uma associação entre a energia da matéria que não tem consciência e a alma, que é consciente. Sem esta última, a primeira seria inanimada. Devido ao impacto dinâmico da força da alma no corpo, ela cresce e evolui.  Ambas as energias Attam (átomo) e Atma (alma) são consideradas os componentes permanentes do universo. Attam e Atma são sem começo nem fim no sentido de que, a matéria é, continuamente, modificada - ela reagrupa as moléculas e se decompõe, mas nunca desaparece - e a alma evolui constantemente até que revele a sua verdadeira identidade e se torna plenamente liberada da atração gravitacional da matéria e da mente. A ideia da criação do universo não existe no jainismo.  A matéria sempre existiu e existirá; às vezes a matéria habita um ser vivo até a emancipação final de sua alma.

***



Quando os jainistas falam de evolução referem-se, principalmente, a evolução da consciência.  A evolução da consciência é um desdobramento do potencial divino através da benevolência e do conhecimento de si mesmo. Ela é experimentada como uma ascensão para se fundir com aqueles que já atingiram o auge e toda a fragrância de perfumes da universalidade existente no cosmos eterno.

Nossa evolução física segue de acordo com esse refinamento interior.  Assim como o leite e a água tornam-se indistinguíveis quando misturados, do mesmo modo, a alma e a matéria parecem ser inseparáveis enquanto participam, mutuamente, num processo contínuo. Quando tomamos consciência de que temos viajado desde o tempo sem princípio, de uma vida para outra, de uma forma de vida para outra (sansara)* o propósito de nossa vida torna-se mais claro. Além disso, a nossa compaixão para com outras formas de vida que são menos evoluídas é aumentada. Passamos a nos conscientizar que, também, nós tivemos que passar por esses estágios. Uma vez que, fomos como eles e estivemos no meio deles, um dia, eles serão como nós e estarão entre nós.


* sansara - é o ciclo de repetição de nascimento, vida e morte (reencarnação), bem como suas ações e consequências. 

No jainismo sansara é a vida mundana caracterizada por renascimentos contínuos e reencarnações em vários domínios da existência. Sansara é descrito como existência mundana, cheia de sofrimento e miséria e, portanto, renunciar a ela vale a pena.  O sansara é, sem qualquer início e a alma se encontra em cativeiro com seu carma desde o tempo sem princípio. Moksha é a libertação do sansara.

Quando descobrimos que como seres humanos, aqui na Terra, estamos no mais alto degrau da escala evolutiva um sentimento de gratidão nos domina. Já não precisamos nos sentir indefesos, nem a mercê dos acontecimentos. Podemos tomar as rédeas de nossa vida e dar o último passo da evolução consciente. Para tanto, trabalhemos para nos libertar dos remanescentes estágios instintivos anteriores - raiva, ganância, medo, competitividade, etc. Dessa forma pararemos de gerar sofrimento e começaremos a respeitar todos os seres, indistintamente. Elevação espiritual substitui o desrespeito. Elevação espiritual substitui aridez emocional. 

A valorização do universo como um todo apaga o sentimento de pobreza espiritual.

AHIMSA NÃO É UMA RELIGIÃO V


COMO A REVERÊNCIA PELA VIDA E O VEGETARIANISMO PODEM NOS LEVAR À PAZ MUNDIAL

Escrito por Gurudev Shree Chitrabhanuji




Se a guerra é a imagem da explosão, o comer carne é uma pequena amostra. Em outra palavras, a guerra é a versão ampliada do fato de comermos carne. Na, aparentemente, pequena arena da exploração animal, as sementes da guerra se desenvolvem. Por que? Porque cada vez que recusamos a considerar de onde veio o nosso jantar e a que custo para outros seres da natureza, estamos causando dor e desvalorizando a vida.  Enquanto conceitos, tais como - fins lucrativos, o paladar, a força muscular - forem mais importantes para nós do que a vida em si, estaremos apoiando e perpetuando uma mentalidade que pode levar à guerra.

A mentalidade que trata outros seres sencientes como se fossem máquinas insensíveis* é a mesma que concebe jogar bombas sobre populações inteiras e enviar seus próprios filhos para transportá-las. Como evitar que aqueles que fecham os olhos para a dor de criaturas indefesas não fechem os olhos para a dor e a perda de vidas humanas?  Estamos acostumados a nos isentar de qualquer responsabilidade por tais atos e, por isso, nossa mente se torna fraca e covarde; na verdade, permitimos que alguém faça o abate, que alguém mate por nós, que alguém aperte os botões da guerra nuclear.

* Só nos Estados Unidos, milhares e milhares de aves são abatidas todos os anos para consumo. Quase todas são submetidas a um processo de linha de montagem.  Galinhas, patos e outra aves são penduradas pelos pés com uma correia; são, então, transportadas através de máquinas em movimento para que suas cabeças sejam cortadas, o sangue drenado e as penas removidas.  O gado é marcado com um ferro em brasa (também chamado de ferrete), descornados e castrados antes de serem enviados para confinamento - ou currais de engorda. Muitos morrem antes mesmo de chegar aos matadouros devido a stress, doenças ou manuseamento brutal.  Quando são transportados, muitos, também, sucumbem por causa da superexposição ao calor ou frio e por ficarem privados de comida e água por um a três dias. Vacas, bezerros, carneiros e porcos são mortos ou com uma marreta (ainda o método mais primitivo e amplamente utilizado) que desfere vários golpes, ou uma faca (usada em animais ainda totalmente conscientes que são içados por uma correia presa às pernas), ou uma pistola de dardo elétrica.

Mas precisamos assumir a responsabilidade, pelo menos em parte, de tudo o que fazemos - sejam coisas boas ou más. Dessa forma removeremos os antolhos dos nossos olhos. Precisamos ver claramente que a miséria que estamos a infligir aos outros, deliberadamente, já está voltando para nós como um bumerangue, individual e coletivamente. Então, não vamos ter receio de reconhecer que, de fato, as causas da guerra está em nós - em nossa ignorância em reconhecer o valor incomensurável de cada vida.




É preciso coragem para dar uma boa olhada em nossas fraquezas, em nossas omissões, em nossos descasos, em nossa tendência de empurrar para o outro as nossas responsabilidades. Mas o segredo é que quando olhamos pra tudo isso não estamos mais na ignorância. O espinho em nossa consciência é removido e, com ele, a causa da nossa dor. Isto é o que significa experimentar a dignidade da nossa própria vida. Então, não podemos suportar causar dor a quem quer que seja; paramos de violar as leis da vida. As sementes da guerra não podem crescer em consciências amorosas e gentis.

O vegetarianismo consegue nos ajudar a ter uma nova percepção, porque nos puxa para fora da iniquidade de ver outros seres através dos olhos frios do intelecto - como objetos a serem aniquilados, dominados, usados. De acordo com o que ensina o jainismo, inimigos não existem. Não há opositores - ninguém é inferior ou superior.  Há apenas outros seres vivos. E cada um de nós quer ser amado; nenhum de nós quer ser torturado ou morto.  Se pudermos ensinar isso a nossos filhos através do nosso exemplo - um exemplo efetivo - o mundo, seguramente, se aproximará da paz que anseia.

Ao invés de esperar que os outros mudem, comecemos por mudar a nós mesmos. Quando reduzimos as vibrações violentas acumuladas no corpo e na mente, passamos a liberar e exteriorizar a nossa própria energia saudável e positiva.  Isso cria um campo magnético em torno de nós que atrai saúde, paz, bondade e equilíbrio para nós.


Para aqueles que divergem de nós procuremos ouvi-los e compreendê-los  com amizade incondicional, honrando a vida de cada um.  Em lugar de ser dogmático ou argumentativo, vivamos  e deixemos que os outros vivam. Eles têm o direito de ter seus próprios pensamentos e opiniões. A diferença entre nós e eles é que permaneceremos isentos de criar guerras em nome de patriotismos, capitalismos, fanatismos e outros ismos. Haverá tempo em que a paz será valorizada como algo acima e além de qualquer outra prioridade. Com essa convicção, plantemos sementes de bondade e confiança para podermos cuidar de toda natureza viva.




Gurudev Shree Chitrabhanuji


A liberdade e a serenidade do nosso espírito fará a maior contribuição para a nossa paz pessoal e a paz na terra.  Quanto mais percebermos e venerarmos a santidade intrínseca de todos os seres vivos, mais o poder de nossa bondade amorosa poderá chegar a todos os cantos do universo e curá-lo com seu bálsamo pacífico.


domingo, 17 de maio de 2015

AHIMSA NÃO É UMA RELIGIÃO IV


COMO O VEGETARIANISMO PODE BENEFICIAR A MENTE E AS EMOÇÕES

Escrito por Gurudev Shree Chitrabhanuji



Gurudev Shree Chitrabhanuji


Uma alimentação adequada nutre e da saúde não só ao nosso corpo físico, mas, de igual modo, favorece o nosso lado mental, emocional e espiritual. "Tudo o que comemos fica impregnado em nossas células, incluindo, as células cerebrais.  Se o corpo é sustentado por carne que conserva as vibrações de medo e terror vivido no momento do abate do animal, como se pode ter um sensação serena e clara, como se pode ter paz de espírito? Como podemos desenvolver um coração compassivo, a solidariedade, se somos indiferentes ao derramamento de sangue?"

Não que aqueles que aderem ao vegetarianismo, automaticamente, tornam-se pacíficos; o vegetarianismo complementa os esforços para livrar o pensamento e a ação da prepotência e do desamor. Consideremos que, muita pessoas só em imaginar o olhar de uma vaca mãe sendo arrastada para longe se seu bebê já sentem seu coração apertado e em frangalhos; para elas seria impossível imaginar essa cena sem pensar, também, num ente querido que pudesse ser sequestrado, violado ou morto. É conhecido, historicamente, que sobreviventes de campos de concentração não podiam deixar de lembrar as torturas que sofreram quando viam a exploração animal.









Ao escolhermos alimentos que implicam no menor dano possível aos animais, revertemos o processo de dessensibilização que entorpece os sentimentos. Saber que, de alguma maneira, estamos contribuindo para que dezenas de animais sejam poupados, nos faz sentir serenizados e felizes. E saber que, também, estamos evitando tanto sofrimento desnecessário nos libera de culpas subconscientes. Aqueles que doam sua proteção aos animais, são eles mesmos que recebem bençãos e forças continuamente.




Em última análise, o que permanece conosco é a qualidade da nossa consciência.  O que é que nos permitirá fechar os olhos no momento derradeiro com um sorriso de paz e êxtase interior? Não é um tipo especial de conhecimento, um profundo contentamento interno com a própria vida? Precisamos explorar esta questão com nós mesmos. Do ponto de vista jaina, o contentamento só pode florescer em plenitude quando, ao longo de nossa vidas, fazemos o nosso melhor vivendo em inocuidade, em inofensividade, sem sermos cruéis  ou insensíveis com qualquer ser vivo.  Enfim, honrando a nossa interligação com todos.






AHINSA NÃO É UMA RELIGIÃO III

OS VEGETARIANOS COMEM OVOS, LEITE E DERIVADOS?

Escrito por Gurudev Shree Chitrabhanuji




Gurudev Shree Chitrabhanuji


Os vegetarianos que utilizam produtos lácteos são chamados lacto-vegetarianos.  Manteiga, leite, iogurte, queijos elaborados sem coalho (o coalho dos queijos é constituído por uma enzima chamada quimosina; essa enzima é extraída do revestimento interno do estomago do bezerro ou porco) são utilizados como complementos e não como alimentos básicos da dieta.  A maioria dos vegetarianos não querem usar peles, couro, cosméticos, sedas e outros produtos derivados das exploração animal; aqueles que não usam produtos lácteos, nem ovos ou são "vegetarianos puros" ou são vegans "vegetarianos radicais". Particularmente, os vegans acreditam que o leite de vaca é para os bezerros, não para os seres humanos. Nos países ricos onde os alimentos lácteos, por causa da demanda, são produzidos em excesso, há muitas injustiças e crueldades que os vegans se recusam a apoiar. Bezerros, por exemplo, são separados de suas mães, 48 horas depois que nascem; isso quer dizer,  nunca têm chance de mamar e nem conhecem o amor de quem os gerou.  Com certeza, uma dor profunda é talhada no coração de ambos. Tristeza e os intermináveis mugidos nos dão testemunho disso.

Os bezerros machos nascidos em um rebanho leiteiro são desprezados e vão para a indústria de carne de vitela.  Ali eles passam 16 semanas na escuridão quase total e confinados em minúsculos currais. Deliberadamente, são alimentados com mingaus que tem deficiência de ferro, o que os torna apáticos e anêmicos, de modo a produzir uma carne branca macia.


Nos países onde as vacas, búfalos e cabras não são separadas de seus filhotes e a ordenha é realizada de forma não violenta, os produtos lácteos são aceitos de boa vontade por muitos vegetarianos.

Vegetarianos que comem ovos são chamados ovo-lacto-vegetarianos.  Para evitar o morticínio, esses vegetarianos não comem ovos férteis. Ovos não são parte da dieta dos "vegetarianos puros", pois o consideram uma forma de vida em potencial. Nos países em que os métodos de criação confinam vinte mil, ou mais, galinhas poedeiras em um único galpão, o resultado é um atroz sofrimento para essas aves e, muitas, acabam por demonstrar um comportamento neurótico.  Devido a essas condições insalubres muitos vegetarianos evitam, inclusive, comer ovos inférteis.


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Abaixo apresentamos dois vídeos que mostram as condições dos frangos e galinhas - que vão para as nossas mesas - quando ainda estão nos galpões e abatedouros.


           



           




AHIMSA


NOTA: 



Texto extraído do blog CENTRO VEGETARIANO.

http://www.centrovegetariano.org/

http://www.centrovegetariano.org/

VEGETARIANOS - Também conhecidos como "vegetarianos puros", os vegetarianos são aqueles que excluem apenas da sua alimentação todos os ingredientes de origem animal (ovos, lacticínios, mel, gelatina, etc.). Geralmente são pessoas que pretendem tornar-se veganas, mas que ainda consideram não ter as condições que lhe permitam também excluir produtos animais da roupa, dos produtos de higiene, dos detergentes e de muitos outros aspectos da sua vida diária. Alguns dos argumentos usados para excluir os produtos animais apenas da alimentação são o fato de alguns produtos veganos serem mais caros e ainda um pouco difíceis de encontrar. Há ainda quem seja vegetariano puro por motivos de saúde.

VEGANOS - Não consomem produtos de origem animal. Também conhecidos como "vegetarianos radicais", ou pelo termo inglês "vegan".

Este grupo exclui a carne de animais, (carne vermelha, aves, peixe) e também produtos animais (ovos e lacticínios). Exclui ainda o mel e a gelatina, o uso de produtos de origem animal (couro, seda, lã, lanolina), os produtos testados em animais e os espetáculos onde a exploração animal é motivo de entretenimento (circo, touradas, etc.).
O veganismo vai, pois, além da alimentação (os que excluem todos os produtos derivados de animal só da alimentação são, por vezes, designados de vegetarianos puros) e pode ser definido como uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e do prático, todas as formas de exploração e tratamento cruel de animais na alimentação, no vestuário e com qualquer outro fim.
O repúdio às práticas cruéis inerentes à produção de lacticínios e à criação de animais e aves é, provavelmente, a razão mais comum para a adoção do veganismo.
Os veganos não querem apoiar a indústria da carne. Por isso recusam-se a comer ovos ou lacticínios. Muitas pessoas não comem esses produtos também por causa das condições em que são produzidos.



AHIMSA - NÃO É UMA RELIGIÃO - II



COMO PODEMOS VIVER NESTE MUNDO SEM SERMOS VIOLENTOS?

Escrito por Gurudev Shree Chitrabhanuji



Na filosofia jaina, a resposta está em envidar todos os esforços para minimizarmos todo processo que nos impele a sermos violentos e dirigir nossas ações com a intenção de respeitar a vida. Isto requer vigilância, estar consciente  das causas e coragem de viver em harmonia com as leis da natureza. O verdadeiro sentimento de respeito a vida não é inspirar medo em qualquer ser vivo e, sim, abrirmos nosso coração para todo tipo de vida.

Para isso, a intenção é fundamental. Viver tendo Reverência pela Vida significa não tolerar ou consentir qualquer forma de violência; inclusive se ela partir de outra pessoa. Isto significa que devemos tentar impedir, antes que aconteça, ou parar, caso já tenha começado,  qualquer desmando do agressor. Ao longo da história, os monges jainistas impediam, ou tentavam impedir que sacerdotes de outra religiões arrastassem animais aos altares para serem sacrificados. Sob a influência suave de Mahavira, muitos reis aboliram em suas terras a escravidão baseada no sistema de castas, a degradação das mulheres, a caça, o massacre e o sacrifício de animais; muitas pessoas foram inspiradas a viver a  ahimsa - a não violência.

É verdade que quando respiramos, quando utilizamos a água para diversos fins, quando pisamos a terra, quando nos alimentamos de vegetais estamos contribuindo para que vidas sejam perdidas. A ênfase que damos é: procuremos reduzir, o mais que possível, os danos que causamos aos outros seres em função de nossa sobrevivência.

Nós temos que tomar uma decisão. E ela é: ao invés de nos alimentarmos com a carne e o sangue de animais que já evoluíram os cinco sentidos (que possuem um cérebro altamente desenvolvido, cujo sistema nervoso e vida emocional são tão semelhantes ao nosso e em cujas veias, também corre sangue), procuremos sustentar nosso corpo, sem derramamento de sangue, com a ajuda do reino vegetal (que ainda não desenvolveu qualquer um dos sentidos - nem do paladar, olfato, visão ou audição).


Os seres vivos quanto mais receptores sensoriais têm, mais são sensíveis à dor. Uma vez que peixes, pássaros e animais estão equipados dessa forma, nós temos que nos recusar a ser causa de sua agonia e sofrimento. Quando observamos que os animais, por muito que estejam dominados pelo medo, se agarram à vida lutando pela sua sobrevivência, ficamos obrigados a deixar de lado quaisquer noção de usá-los ou explorá-los. Nós sentimos a sua impotência diante da gula, cobiça, avareza e crueldade do homem. Portanto, Reverência pela Vida é querermos vê-los com vida e sem serem molestados.



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A maioria das verduras são colhidas no final de seu ciclo de vida natural. Muitos alimentos como bagas, melões, feijões, ervilhas, nozes e frutas das árvores podem ser colhidas sem arrancar  a planta inteira. No entanto, temos que reconhecer com humildade que cada fruta, cada folha ou grão que encontramos no nosso prato teve que perder sua vida para nos dar vida. Sem as plantas, as quais tanto necessitamos seríamos impotentes; não seríamos capazes de sobreviver e, consequentemente, de evoluir. Eis a razão porque os monges jainas recitam, antes das refeições diárias, esta oração:

Aho Jinehim asavvajja vittisahuna Desiya

Mukkha sahana heoosa sahu dehassa dharana

Que quer dizer:


Oh, Jinas! Que ensinamento maravilhoso nos deste!

Tu nos ensinaste a comer somente
o alimento que é puro, benigno e saudável - 
que não foi obtido através do derramamento de sangue.
Tu nos ensinaste o que comer para sustentar nosso corpo
e faze-lo por uma razão principal -
para desobstruir nossa vida e alcançar a libertação final.

Com este sentimento de apreço, comemos com respeito e moderação, sem consumirmos  mais do que precisamos. E,  tal qual os índios americanos, podemos dizer: "Plantas queridas, um dia nossos corpos retornarão à vos para tornarem-se alimento para vossas raízes".




Gurudev Shree Chitrabhanuji

Os alimentos básicos de uma dieta vegetariana são grãos, legumes, verduras, frutas, nozes e sementes. A proteína que se busca em qualquer dieta alimentar é conseguida facilmente por meio de uma grande variedade de combinações, em especial, cereais e leguminosas. Leguminosas como lentilhas, ervilhas, grão de bico, soja, feijões de vários tipos, podem ser transformadas em sopas, cozidos, hambúrgueres vegetais, etc. e servidas com grãos integrais, como arroz, cevada, milho, trigo, aveia e outros. Outras fontes de nutrição são nozes, sementes de girassol, gergelim, castanha de caju, amêndoa e que podem ser colocadas, inclusive, no pão integral (uma merenda escolar com esses itens é muito saudável para as crianças). Os alimentos acima mencionados fornecem proteínas de alta qualidade e uma vasta gama de vitaminas e sais minerais. 


Na verdade, nós não precisamos de tanta proteína como temos sido levados a acreditar.  O excesso de proteína pode acarretar 
o aumento dos níveis de ácido úrico no sangue.  Isso sobrecarrega todo organismo e gera muitas enfermidades.

Muitos vegetais, tais como, repolho cru, cenoura, beterraba, abóbora, aipo podem ser ralados ou fatiados e misturados às verduras; dão ótimas saladas.  Pode-se agregar a essas saladas tomates frescos, pimentões, couve e sementes de girassol, pois contem importantes nutrientes.  O abacate , também tem sido muito elogiado como alimento completo.  Ricos em ferro vegetais de folhas verdes como abóboras, brócolis, couve-flor, batata estão podem ser cozidos, ou cozinhados no vapor, sem perder suas propriedades nutricionais.  Frutas da temporada são suplementos vitamínicos naturais; alguma pessoas consideram-nas alimentos fundamentais para sua dieta.


Quando as plantas são a fonte direta da alimentação, elas fornecem o combustível mais eficiente para a manutenção do corpo e para o seu bem-estar.  Testemunhamos isso observando o elefante, o touro, o gorila, o cavalo e outros animais de grande porte. Todos são vegetarianos, todos extraem os nutrientes  das plantas; uma vez assim, nós, também podemos.  As plantas recebem energia diretamente do sol, ar, água e solo, o que lhes dá a capacidade de transmitir vitalidade e energia para nós. Quando um animal ingere um vegetal, ele está se nutrindo da energia original desse vegetal.  Os seres humanos que se alimentam de carne tem portanto, uma refeição desvitalizada, uma vez que estão ingerindo energia de segunda mão.




QUAIS OS BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE DE UMA DIETA VEGETARIANA

Mais e mais médicos de todo o mundo estão descobrindo que aqueles que comem uma dieta à base de vegetais ricos em fibras estão comendo, automaticamente, menos colesterol e gordura, e são menos propensos a se tornarem vítimas de ataque cardíaco, câncer, pressão alta, hipertensão e outra doenças.  


Inclusive na terceira idade a saúde e a clareza mental podem ser desfrutadas se o corpo se nutrir com comidas puras, sem derramamento de sangue.  Estes resultados são a regra não a exceção. Na idade avançada a doença, a decrepitude, o tédio não são inevitáveis. Se vivermos corretamente, respeitando as necessidades do corpo - se bebermos água suficiente, se relaxarmos, se usufruirmos de ar puro, se fizermos exercícios diários, se entrarmos em sintonia com os alimentos que melhor serão assimilados por nosso organismo - podemos permanecer saudáveis e cheios de energia até nossos últimos dias. Quando temos vitalidade e reverência, nosso corpo torna-se o nosso templo, irradiando bem-estar e harmonia.






domingo, 10 de maio de 2015

AHIMSA NÃO É UMA RELIGIÃO - I


O QUE É A FILOSOFIA E A PRÁTICA DA REVERÊNCIA PELA VIDA

Escrito por Gurudev Shree Chitrabhanuji







Há mais de dois mil e quinhentos anos atrás, Mahavira fez uma declaração simples, mas profunda com base na compreensão e absorção da não violência na tessitura da sua consciência.  Ele teve a percepção de que "Todos os seres vivos são como eu.  Eu quero viver.  Então, todas as almas, todos os seres vivos, também, querem viver.  O instinto de autopreservação é universal.  Todos os seres animados se aferram a vida e temem a morte.  Cada um de nós quer estar livre da dor.  Uma vez assim, devo realizar todas as minhas atividades com muito cuidado para não prejudicar a qualquer ser vivente."

A filosofia da não-violência é uma prática de vida.  Mais do que isso - abster-se da violência, é uma profunda Reverência pela Vida.  Essa reverência tem inicio quando cultivamos um genuíno respeito pela nossa própria vida, em termos de existência, e para cada um dos elementos que a compõe - corpo, mente e emoções. Nós sabemos que nossa ânsia de vida, nossa força de vida é preciosa e que estamos  aqui para respeitar e revelar a sua sabedoria inata.  É um processo de cuidar; cuidar tanto de nosso ser interior, quanto do nosso envelope material - nosso corpo físico. Como uma mãe que alimenta seu filho para que cresça e se desenvolva, é nosso dever fazermos o que é saudável e útil para o nosso crescimento espiritual.

A verdade é que, não estamos acostumados a tratar a nós mesmos com mansidão e amor.  Tratarmos a nós mesmos com mansidão e amor exige uma decisão consciente.  A prática da Reverência pela Vida começa com a decisão de não tomarmos qualquer postura prejudicial contra o nosso corpo e mente. Isso é chamado de "samvara", que quer dizer paralisação; devemos, pois, interromper os hábitos que criam dor e reavaliar a vida que estamos levando.

Os aspectos automáticos e mecânicos cessam de nos governar quando ativamos nossa faculdade de observação e investigação. Levamos tempo para notar a lei de causa e efeito e a forma que esta lei funciona como um mecanismo preciso  em nossas vidas. Há uma conexão real entre a vibração que nós enviamos e a dor ou prazer que recebemos de volta. Quando irradiamos bondade, amor, alegria, cordialidade, tudo isso volta para nós. Da mesma maneira, pensamentos violentos são tão reais quanto o mundo tangível; e, de igual modo, eles voltam para nós. Quando a raiva, o ciúme ou as ambições doentias nos acicatam, a quem ferem e magoam primeiro é ao nosso próprio eu.  Isso é, igualmente, verdadeiro quando, também usamos uma linguagem grosseira, insultuosa ou fazemos uma crítica negativa; funciona como um palito de fósforo; mas, antes que queime a quem você ofendeu, queima primeiro a sua própria boca.


Através da prática do auto-respeito, reconhecemos que nossa paz é a coisa mais preciosa do mundo.  Antes de odiar, de julgar ou tratar alguém como um inferior, olhemos para nós mesmos.  Antes de comprar ou usar qualquer produto, perguntemos:  "Por esta ação estarei promovendo a que um outro ser pague o preço de sua dor?  Direta ou indiretamente, serei eu a causa de uma vida que se perde?


Façamos, pois, valer a ajuda da meditação para conhecer e recordar quem somos na realidade.  Em nosso estado natural, nossa alma não é nada além de amor, energia, paz, felicidade e bem-aventurança.  Meditemos e, pouco a pouco, iremos adejar à um pico de realização e alegria, exclamando:  "Eu sou a vida! Sou consciente da energia vital! Conscientemente, sinto que minha força de vida se move em todos os meus membros e despertam todas as minhas células!"




Gurudev Shree Chitrabhanuji


No coração da experiência de auto- respeito, percebemos que a mesma energia que está pulsando em nós, também, está vibrando em todos os seres vivos.  Quando desperta essa nova consciência vemos tudo com novos olhos.  Sentimos uma conexão ininterrupta do nosso ser mais íntimo com a força de vida de cada alma que existe.

Esta experiência nos permite reconhecer "que o universo não existe somente para o homem.  É um campo de evolução para todas as formas de vida.  O jainismo ensina que a vida é vida; e essa vida tem a mesma virtude sagrada, não só para as pessoas de todas os povos, raças e crenças, mas para todas as outras criaturas, como, por exemplo, um minúsculo verme ou uma formiga.  A consciência existe em tudo o que vive, independentemente, do tamanho e de sua forma.  Embora diferentes formas não são as mesmas na capacidade mental e aparato sensorial, a força vital é igualmente digna em todos".

A partir do momento que essa conscientização passa a fazer parte de nossa rotina, constatamos que traços e hábitos que costumavam nos limitar caem por si, naturalmente.  Nós, por exemplo, não traremos a dor ou a doença para dentro de nossos corpos devido a hábitos alimentares nocivos. O modo de vida vegetariano torna-se um resultado natural do nosso discernimento.

Ainda com relação a experiência de auto-respeito, torna-se imperativo para o nosso bem-estar e contínua evolução, nos desembaraçarmos de todas as vibrações dolorosas que ainda possamos estar carregando em nossa mente. Devemos perdoar ou esquecer todas elas.  Com coragem e compaixão, com certeza, podemos removê-los; é um processo gradual.  Se percebermos que as mágoas e as cicatrizes do passado vêm até nós por nosso próprio convite, nós, imediatamente, podemos brecar isso - basta desconcentrarmos nossa mente para outro assunto que não seja pensamentos de culpa, autocomiseração ou vingança.  Quando assumimos nossa responsabilidade por nossa própria dor, podemos transcendê-la. Podemos compreender  o seu propósito que é quebrar a casca dura de nosso coração e atuar como adubo para que a flor terna da bondade e compaixão floresçam.

Dessa forma as provações da vida se convertem em combustível para o nosso crescimento e chegamos mais perto de nosso objetivo que é autorrealização.  Como um instrumento ajustado a chave certa, nós nos sintonizamos com a Reverência pela Vida.  Ao fazer tudo que podemos para minimizar a violência e a dor para com qualquer forma de vida desfrutaremos de uma consciência limpa e e um coração iluminado.