terça-feira, 28 de abril de 2015

AS SEITAS DIGAMBARA E SVETAMBARA


DIFERENÇAS ENTRE AS SEITAS
DIGAMBARA E SVETAMBARA



monge Svetambara



monges Digambaras


Os jainistas encontram-se divididos em dois grupos principais: os Digambara e os Svetambara.  Alguns pontos de diferença entre essas duas seitas são:

- Os Digambaras acentuam a prática da nudez como exigência inquestionável para a trajetória do monge, bem como para alcançar a salvação (moksha).

- Os Digambara creditam que as mulheres não tem virtuosidade bastante, nem força de vontade necessária para atingir a libertação (moksha); por isso  elas terão que renascer sendo do sexo masculino para que isso seja possível.  Já os Svetambaras não pensam dessa forma e sustentam que as mulheres são capazes, na vida atual, das mesmas realizações espirituais que os homens.

- Segundo os Digambaras, quando um santo se torna um "kevali" ou kevala-jnani", ou seja, onisciente ele não mais precisa comer.  Esse ponto de vista não é compartilhado pelos Svetambaras.

- Os Svetambaras acreditam que Mahavira tenha nascido de uma mulher da casta Ksatrya, de nome Trisala, embora a concepção tenha ocorrido no útero de uma mulher da casta Brâmane, de nome Devananda.  A mudança de embrião teria sido feita pelo Deus Indra oitenta e três dias depois da concepção.  Os Digambaras , no entanto, descartam essa versão como não confiável e absurda.


- Os Svetambaras creem que Mahavira casou, com a princesa Yasoda, quando ainda era bem jovem e com ela teve uma filha de nome Anojja ou Priyadarsana;  Mahavira levou uma vida normal de pai de família até os trinta anos, quando se tornou asceta.  Os Digambaras negam esta afirmação completamente.


- Os Svetambaras dizem que Mallinatha, a 19ª Tirthankara foi uma mulher.  Já os Digambaras dizem que foi um homem.


- A tradição Svetambara retrata os ídolos, estátuas e imagens que representam os Tirthankaras, vestindo-os com uma tanga, enfeitando-os com jóias e com os olhos abertos.  Os Digambaras retratam os Tirthankaras nus, sem quaisquer adornos e com os olhos fechados (representando o estado contemplativo).


- Os Svetambaras  acreditam na legitimidade e no caráter sagrado da literatura canônica, ou seja, os doze "angas" e "sutras", como existem agora.  Mas os Digambaras afirmam que os textos originais e genuínos foram perdidos há muito tempo.  Os Digambaras, também, se recusam a aceitar as reformas do primeiro conselho que se reuniu sob a liderança do Acharya Sthulabhadra e, consequentemente, a reformulação das "angas".


- Os Svetambaras utilizam o termo "Charitra" para as biografias dos grandes mestres.  Os Digambaram fazem uso do termo "Purana".


- Os monges Svetambaras coletam seus alimentos em diferentes casas.  Os monges Digambara tomam os alimentos em pé e com a palma da mão voltada para cima, servindo, esta, de recipiente para o que irão comer.  Eles só podem receber alimentos de uma casa apenas.


- Os monges Svetambaras vestem roupas brancas, porém os monges Digambara, principalmente os da seita Nirgrantha vivem nus.


- É permitido aos ascetas Svetambaras terem quatorze posses (uma tanga, um tapa boca, etc.).  Aos ascetas Digambara só lhes é permitido dois bens (um "pichhi" que é espanador de pena de pavão e um "kamandalu" que é um cântaro de madeira.


- Existe, também, diferença na maneira como as duas seitas recitam o Namokar Mantra - o mantra mais importante do jainismo.  Os Digambaras acreditam que somente as primeiras cinco linhas devem ser recitadas.  Já os Svetmbaras recitam as nove linhas.



Para entendermos melhor sobre aspectos desses dois grupos jainas transcrevemos aqui um artigo de Jayaran V - mestre e autor de artigos sobre religiões indianas, filosofia, misticismo e espiritualidade:


Jainismo - Seitas e sub-seitas



Uma das características das tradições religiosas indianas é haver mudanças e disputas com relação a doutrina e prática. Muitas vezes, isso levou a formação  de novas seitas, sub-seitas e escolas de pensamento regulares e periódicas.  O jainismo não foi exceção.  Durante o tempo do próprio Mahavira houve algumas controvérsias a respeito dos aspectos mais delicados de seus ensinamentos.  Alguns de seus seguidores não concordavam com ele inteiramente e formaram suas próprias seitas.



Os Primeiros Cismas


A tradição jaina registra sete movimentos (ou cismas) menores (Nihnava) dentro do jainismo no decorrer de sua história; estes ocorridos durante e após Mahavira.  Registra também o grande cisma - as sementes que, provavelmente, já haviam sido plantadas durante o tempo de Mahavira e que levaram à formação das seitas Svetambara e Digambara.   As sete divisões menores que ocorreram no início do desenvolvimento do jainismo são:


- A  primeira divisão foi organizada por Jamali, sobrinho e genro de Mahavira, por causa de questões de influências pessoais. Havia  desavenças entre os seguidores de Mahavira por não aceitarem a autoridade moral, nem o prestígio  de alguns ascetas que diziam ter atingido a onisciência.


- a segunda divisão foi causada pelo monge Tisyagupta (ou Tissagutta) por causa de questões sobre a natureza atômica da alma.


- A terceira divisão foi iniciada por Asadha, que viveu cerca de 200 anos depois de Mahavira.  Ele considerava que não havia diferenças entre os monges jainistas e os deuses e que, portanto, deveriam ser tratados da mesma forma.  A seita voltou à corrente principal jainista devido aos esforços do Rei Batabhadra.


- A quarta divisão: Asvamitra (ou Assamitta) criou confusão dentro da comunidade jaina, dizendo que todos os seres vivos se extinguiriam um dia; o que  contraria diretamente a crença jaina, já que ela afirma que as almas são imortais.  Asvamitra, posteriormente, admitiu seu erro e pediu desculpas.


- A quinta divisão: Ganga, um monge jaina, propôs que era possível experimentar dualidades (sentimentos ou coisas opostas) da vida, tais como, calor e frio ao mesmo tempo.  Ele foi expulso da comunidade e depois readmitido quando reparou seu erro.


- A sexta divisão: 544 anos depois de Mahavira, um professor chamado Jaina Rohagupta  (ou Rohagutta) propôs que, além dos seres vivos (jivas) e da matéria animada (ajiva) existe uma terceira classe de coisas não-vivas (nojiva).


A sétima divisão: Décadas mais tarde outro professor  de nome Gostamahila (ou Gotthamahila) desviou-se dos principais ensinamentos que diziam como a substância cármica agarra-se à alma e a duração de tempo que se deve praticar a renúncia para que essa substância seja eliminada.  Seus pontos de vista foram rejeitados pelo conselho jaina e ele foi excomungado.



As Seitas Digambara e Svetambara


Quando Mahavira estava divulgando sua mensagem, já havia uma comunidade de monges jainistas que praticavam os ensinamentos de Parsvanatha e dos Tirthankaras anteriores. Não temos certeza se eles se eles se uniram a Ordem estabelecida por Mahavira, ou mantiveram sua identidade separada.  No entanto, parece que eles mantiveram as suas práticas antigas, incluindo a prática de vestir roupas, em contraste com a própria prática de Mahavira de permanecer nu em deferência ao voto de não-posse.  


Essas primeiras divergências se aprofundaram com o tempo e levaram ao grande cisma no jainismo, o que contribuiu em grande medida para o seu, subsequente, declínio.  Após a saída de Mahavira, foram feitos esforços para reconciliar as diferenças entre as duas seitas e organizar o cânon jaina. Porém não tiveram muito êxito.  Com o tempo as discordâncias se agravaram e os dois grupos se separam formalmente.


O grande cisma separou a Ordem em duas divisões verticais.   Um grupo chamou-se Digambaras, ou seja, os nus - os que preferiam não usar qualquer roupa e permanecer deste modo tanto em lugares públicos, quanto em locais privados.  O outro grupo chamou-se Svetambaras, ou seja, os vestidos de branco - os que usavam roupas brancas e cobriam seus corpos como parte de sua disciplina monástica.  A divisão e as divergências entre os dois grupos  continua até os dias atuais.  Eles representam duas correntes distintas de pensamento e duas tradições distintas, apesar de ambos os lados concordarem sobre os aspectos fundamentais dos ensinamentos.  Eles diferem, principalmente, no que diz respeito a algumas práticas e algumas questões relacionadas com a doutrina essencial.  A seguir estão as principais diferenças entre os Digambaras e os Svetambaras.



Principais Diferenças Entre os Digambaras e os Svetambaras


Os Digambaras permanecem sem roupas.  Para eles, esta é uma condição sine qua non para  se trilhar o caminho da salvação. Eles aceitam a nudez como uma observação  do voto de não-posse, segundo o qual um monge perfeito deve ser desprovido de quaisquer bens, incluindo roupas e o desejo de proteger o seu corpo de alguma forma.  A julgar pelo mesmo argumento eles sustentam que as mulheres não são qualificadas para a salvação uma vez que não observam o voto de não-posse estritamente.  As que chegam a perfeição em suas práticas ascéticas nesta vida somente alcançarão a salvação quando nascerem como homens e tomarem, novamente, o caminho ascético.


Os Digambaras retratam Mahavira em completa nudez, sem qualquer ornamentação e de olhos baixos.  Eles também acreditam que Mahavira levou uma vida completamente celibatária e nunca se casou.  Eles se recusam a reconhecer as onze "Angas" do cânon jaina, que fazem parte dos 41 Sutras.


Os Svetambaras seguem, principalmente, o exemplo de Parshvanatha (Também conhecido como Parshva foi o vigésimo terceiro Tirthankara do jainismo)  .  Eles aceitam as 11 "Angas", usam vestes brancas e sustentam que a observância do voto da nudez completa não é um pré-requisito para alcançar a libertação.  Alegam que Parshvanatha e seus discípulos, também usavam túnicas brancas  e não praticavam a nudez completa. De acordo com os Svetambaras as mulheres são igualmente qualificadas pra alcançar a salvação e mostram Mahavira trajando vestes brancas.


Outra diferença importante entre os dois grupos é no que diz respeito a onisciência.  De acordo com os Digambara, quando um monge alcança a onisciência, ele (são sempre os monges, pois as freira não são qualificadas para a salvação) não precisa de qualquer alimento para comer.  Isto é refutado pelos Svetambaras, pois estes afirmam que um monge ou monja onisciente, também, precisa se alimentar já que ainda não descartaram seus corpos que, irrefutavelmente, precisam de alimento.


As duas seitas também divergem no que diz respeito a maneira como nasceu Mahavira.  De acordo com os Svetambaras a concepção de Mahavira ocorreu dentro do útero de uma mulher da casta brâmane conhecida como Devananda.  A mando de Indra (rei de todos os deuses)  o embrião foi transferido de seu útero para o útero de Trishala, uma mulher da casta kshatriya.  Os Digambaras consideram esta uma teoria absurda.


Svetambaras, também, acreditam que, antes de renunciar a vida mundana, Mahavira casou-se com a princesa Yasoda e teve com ela uma filha chamada Priyadarsana.  Os Digambaras acreditam que Mahavira nunca se casou e permaneceu celibatário ao longo de sua vida.


Svetambaras estão autorizados a receber, diariamente, alimentos dados a eles de modo voluntário por mais de uma família. Eles, também, estão autorizados a comer mais do que uma vez ao dia.  Quando eles vão em busca de alimento levam um recipiente e nele fazem a refeição.  Os Digambaras coletam sua alimentação, que, também, lhes é fornecida voluntariamente,  apenas em uma casa;  e a cada dia têm que ir numa casa diferente.  Ele não usam nenhuma tigela. Recolhem o alimento com as mãos e com as mãos levam-no a boca.


Em relação à posse de coisas, ambas as seitas discordam.  Os Svetambaras estão autorizados a possuir 14 itens, que incluem roupas e a tigela de mendigar, enquanto que aos Digambaras são permitidos apenas dois bens - um espanador e um cântaro de madeira para água.  No entanto, em ambas as seitas os monges estão autorizados a levar consigo os textos religiosos para estudarem os ensinamentos.



Com o decorrer do tempo, houve mais divisões dentro destas duas seitas, por causa de divergências de várias ordens. Surgiram então as sub-seitas dos Digambaras e as sub-seitas dos Svetambaras.   



sexta-feira, 24 de abril de 2015

RESUMO DO JAINISMO - por Gilson Moura Castro




RESUMO DO JAINISMO

Texto extraído do livro RELIGIÕES NO BRASIL de Gilson Moura Castro




JAINISMO - O jainismo ou jinismo é uma das religiões mais antigas da Índia, juntamente com o hinduísmo e o budismo, compartilhando com este último a ausência da necessidade de Deus como criador ou figura central.  

Considera-se que a sua origem antecede o Bramanismo, embora seja mais provável que tenha surgido na sua forma atual no século V a.C., em resultado da ação religiosa do Mahavira.  


Vista durante algum tempo pelos investigadores ocidentais como uma seita do hinduísmo ou uma heresia do budismo, devido à partilha de elementos comuns com estas religiões, o jainismo é contudo um fenômeno original.  


Ao contrário do budismo, o jainismo nunca teve um espírito missionário, tendo permanecido na Índia, onde os jainas constituem hoje cerca de menos de 10 milhões de crentes. Pequenas comunidades de jainas existem também na América do Norte e na Europa, em resultado de movimentos migratórios.


A palavra jainismo tem as suas origens no verbo sânscrito jin que significa "conquistador".  Os seus adeptos devem combater, através de uma série de estágios, as paixões de modo a alcançar a libertação do mundo.  Sua visão básica é dualista. A matéria e a mônada vital ou jiva são de naturezas distintas, e durante sua vida o ser vivente (seja humano ou animal) tinge sua mônada como resultado de suas ações.  Para se purificar, esta religião propõe um extremo ascetismo e o colocar em prática a doutrina da não-violência ou ahimsa.  


Seguntos os historiadores da religião, o jainismo estabeleceu-se na Índia em meados do primeiro milênio a.C..  O seu fundador foi o Mahavira, existindo duas propostas para o período em que viveu: 599 a.C. - 527 a.C. (data tradicional apontada pelo jainismo) ou 540 a.C. - 470 a.C. (segundo os acadêmicos). Nasceu perto de Patna, naquilo que é hoje o estado de Bihar. Foi um contemporâneo do Buda, tendo pregado na mesma região geográfica, embora não conste que os dois mestres se tenham alguma vez encontrado.  Pertencia a casta dos guerreiros (xátrias), casou, viveu no luxo até que por volta dos trinta anos tornou-se um mendigo errante.  Entregou-se a longos processos ascéticos até obter a iluminação, tendo consagrado os restantes trinta ou quarenta anos da sua vida a pregar a sua doutrina.  Faleceu em Pavapuri, no Bihar, que é desde então um dos principais locais de peregrinação jaina.  


De acordo com os jainas, a sua religião é eterna, tendo sido a doutrina revelada ao longo de várias eras pelos Tirthankaras, palavra que significa "fazedores de vau", ou seja, alguém que ensinou o caminho.  Os Tirthankaras foram almas nascidas como seres humanos que alcançaram a libertação (mokha) do ciclo dos renascimentos através da renúncia e que transmitiram os seus ensinamentos aos homens.  Na presente era existiram 24 Tirthankaras.  O último desses Tirthankaras foi o Mahavira, que os jainas não consideram como o fundador do jainismo, mas, antes, aquele que lhe deu a sua forma atual.  


O 23º Tirthankara foi Parshva, que os historiadores consideram ter sido provavelmente uma figura histórica que viveu cerca de três séculos antes do Mahavira.  Os jainas acreditam que Parshva pregou os 4 grandes princípios do jainismo, a saber: não-violência (ahimsa), evitar a mentira, não se apropriar do que não foi dado e não se apegar às posses materiais; o Mahavira acrescentou o princípio da castidade.


Os jainas encontram-se divididos em dois grupos principais: os Digambara ("Vestes de céu") e os Svetambara (ou Shvetambara, "Vestes brancas").  Cada um destes grupos encontra-se por sua vez dividido em vários subgrupos.  A maioria dos jainas pertencem ao grupo Svetambara.  


A origem destes dois grupos situa-se no século I d. C. (ou talvez no século III d.C, segundo alguns autores) e deve-se a disputas em torno dos textos que devem constituir as escrituras do jainismo.  Os Svetambaras consideram que as suas escrituras estão mais próximas dos ensinamentos originais do Mahavira, enquanto que os Digambara rejeitam uma parte considerável dessas escrituras.  Os Digambara consideram igualmente que a renúncia pregada pelo Mahavira implica para os monges a nudez total e que as mulheres devem primeiro renascer como homens para poderem atingir a libertação.  


Ao nível da geografia, os Digambara concentram-se no sudoeste da Índia e os Svetambaras no noroeste (estados de Gujarate, Rajastão e Madhya  Pradesh). 


As estátuas dos dois grupos são também diferentes: os Tirthankara dos Svetabara possuem roupas e uma decoração mais rica, enquanto que as dos Digambara estão nuas; estas diferenças fazem com que um adepto dos Digambara não possa praticar o culto num templo Svetambara. 


Os jainas consideram que o tempo é infinito e cíclico.  Ele é visto como uma grande roda dividida em duas partes idênticas: uma realiza um movimento ascendente (Utsarpini), enquanto que  a outra um movimento descendente (Avasarpini).  Cada uma dessas partes divide-se em seis eras (ara).  Durante o período ascendente os seres humanos progridem ao nível do saber, estatura e felicidade, enquanto que o período descendente caracteriza-se pela degradação do mundo, pelo esquecimento da religião e pela perda da qualidade de vida pelos humanos.  


Segundo os jainas, vivemos atualmente num período de movimento descendente, numa era de infelicidade (Dukham Kal), que começou há 2500 anos e que durará 21 mil anos.




O Universo e os Cinco Mundos


Segundo o jainismo, o universo divide-se em cinco mundos, sendo cada um deles habitado por determinado tipo de seres. O universo é eterno, não tendo sido criado por nenhum ser superior.


No topo do universo está a morada suprema (siddhashila), que é o local onde habitam as almas que alcançaram a libertação (estas almas são denominadas Siddhas).  Abaixo encontram-se trinta céus, habitados por seres celestiais, alguns dos quais caminham para a morada suprema.


O mundo médio (madhyaloka) inclui vários continentes separados por mares.  No centro deste mundo encontra-se o continente Jambudvipa, considerado o único continente no qual as almas podem alcançar a libertação.  Os seres humanos habitam este continente, bem como um segundo continente ao lado deste e parte do terceiro continente.


O mundo inferior (adholoka) consiste em sete infernos, onde os seres são tormentados por demônios e onde se atormentam uns aos outros.  Abaixo do sétimo inferno encontra-se a base do universo (nigoda), habitada por inúmeras formas inferiores de vida.



Karma


À semelhança do hinduísmo e do budismo, o jainismo partilha da crença no karma, embora de uma forma diferente.  O karma no jainismo não é apenas um processo em que determinadas ações produzem reações, mas também uma substância física que se agrega a uma alma.  As partículas de karma existem no universo e associam-se a uma alma devido às ações dessa alma (por exemplo, quando uma alma mente, rouba ou mata esta provoca a agregação de karma na sua alma).  A qualidade e a quantidade dessas partículas determinam a existência que a alma terá, a sua felicidade ou infelicidade.  Só é possível a uma alma alcançar a libertação quando desta se retirarem todas as partículas de karma. 


O processo que permite a libertação das partículas de karma de uma alma denomina-se nirjara e inclui práticas como o jejum, o retiro para locais isolados, a mortificação do corpo e a meditação.  Os seguidores do jainismo utilizam para isso um ritual mortuário chamado Sallekhana (também conhecido como Santhara, Samadhi-Marana, Samnyasa-Marana), que consiste em praticar o suicídio através do jejum.  Devido  à natureza prolongada da sallekhana, é dado tempo ao indivíduo suficiente para refletir sobre sua vida e pedir perdão dos seus pecados aos deuses.  O voto de sallekhana é tomado quando se sente que a vida tem servido ao seu  propósito.  O objetivo é limpar  karmas antigos e impedir a criação de novos.  Existe uma prática hindu similar conhecida como Prayopavesa.  De acordo com a revista Press Trust of Índia, em média, 240 jainistas praticam sallekhana a cada ano na Índia.


O jainismo considera a vida monástica como o ideal de vida dos seres humanos.  Entre os Svetambara a entrada na vida monástica é autorizada aos dois sexos a partir dos sete anos, mas realiza-se em geral numa idade mais avançada.  O noviço deve abandonar todos os seus bens;  por altura da sua ordenação (diksa) a sua cabeça é raspada e ele toma os cinco votos, que segue numa versão mais rigorosa do que a dos leigos (mahavrata).  


Os monges jainas levam uma vida itinerante, com exceção da época das monções, altura que se recolhem numa determinada localidade.  Dependem para a sua alimentação da caridade fornecida pelos leigos jainas, a quem oferecem em troca assistência espiritual.


Os monges do ramo Svetambara podem ser donos de pequenas coisas, como uma fina veste branca, uma tigela onde recebem os alimentos dos leigos e uma máscara de tecido usada sobre a boca (mukhavastrika), cujo objetivo é evitar a ingestão involuntária de pequenos insetos.  Os monges Digambara interpretam o preceito do desapego de uma forma bastante rigorosa e por esta razão não usam roupas; as monjas deste ramo usam uma veste branca.  Os monges Digambara não possuem uma tigela e usam as mãos como recipiente dos alimentos.  Os monges Svetambara costumam se deslocar em pequenos grupos de cino ou seis monges, enquanto que os Digambara geralmente viajam sozinhos.


Todos os monges devem seguir as três regras que evitam a conduta incorreta (guptis: ter cuidado com os pensamentos, as palavras e as ações).


Entre os Svetambara o número de monjas ultrapassa o de monges.  As monjas Digambara aceitam a doutrina que afirma que para se avançar no caminho espiritual é necessário nascer com um corpo masculino.


Os jainas que não são monges devem observar oito regras de comportamento e devem tomar doze votos.  As oito regras de comportamento variam, mas em geral incluem a pratica absoluta e irrestrita de Ahimsa (não-violência) que tem seu ponto forte na alimentação: não comer carne de nenhum tipo, não comer certos vegetais (cebola e alho, por exemplo) e não usar nenhum produto de origem animal.  Outras regras incluem não se alimentar à noite, não ingerir bebidas alcoólicas nem substâncias consideradas alteradoras da consciência (cafeína, teobromina) e praticar a caridade a todos os seres vivos.  Ler sobre as qualidades transcendentais dos Tirthankaras e recitar o Navkar Mantra também fazem parte das principais práticas diárias.



Quanto aos doze votos, eles podem ser divididos em três classes:


- Anuvratas - são os cinco votos principais: abster-se de atos violentos, não mentir, não roubar, não cobiçar o parceiro de outra pessoa e limitar as possessões pessoais;


- Gunavratas - são três votos que reforçam os cinco votos principais: restringir as atividades pessoais a uma área limitada, restringir práticas que proporcionam prazer (bhogopabhogavrata), evitar atos que causam sofrimento (anarthadndavrata);


- Siksavrtas - são quatro votos de disciplina espiritual: meditar, limitar determinadas atividades a certos momentos, adotar a vida de um monge por um dia, fazer donativos aos monges ou aos pobres.


Uma das principais formas de culto dos jainas é prestar homenagem às estatuas dos Tirthankaras.  Os jainas lavam as estátuas e dedicam-lhe oferendas, como mel, flores, arroz, etc.  

Alguns grupos jainas, como os Sthanakavasis e os Terapanthis , são contra o culto de imagens. O crente não adora a estátua em si, mas antes as qualidades associadas a ela, de modo a receber inspiração para seguir o mesmo caminho.  As estátuas podem ser adoradas nos templos ou então em pequenos santuários existentes nas casas.  São representadas em posição de meditação, sentadas ou em pé.

Não é possível estabelecer qualquer forma de contato com os Tirthankaras através desta forma de culto, uma vez que estes, tendo alcançado a libertação, ficam fora do contato humano, contudo, durante a Idade Média cada Tirthankara foi associado a uma deusa protetora, em relação às quais se desenvolveram formas particulares de devoção.  As deusas mais importantes são Ambika (associada ao 22º Tirthankara, Arishtanemi), Padmavati (associada a Parshva), Lakshmi e Sarasvati.


As orações jainas fazem referência aos grandes atos dos Tirthankaras e aos ensinamentos do Mahavira, sendo ditas num antigo dialeto do Bihar, o Aedha Magadhi.  A principal oração é o Namaskara Sutra, através do qual o jaina presta homenagem às qualidades dos cinco grandes seres do jainismo.


O ato de fazer doações para a construção de templos é também considerado uma forma de culto, assim como a prática de peregrinações.


Os principais festivais do jainismo são:


- Mahavira Jayanti - decorre  em março ou abril e celebra a data do nascimento do Mahavira.  Neste dia estátuas do Mahavira são levadas em procissões pelas ruas e os jainas reúnem-se nos templos pra ouvir a leitura dos seus ensinamentos.


- Paryushana - durante o mês de Bhadrapada (agosto-setembro os membros do ramo Svetambara do jainismo celebram um dos seus festivais mais importantes, Paryushna.  Este festival está dedicado ao perdão e consiste na prática do jejum durante oito dias.  No último dia do festival (Samvatsari) os jainas pedem perdão uns aos outros por ofensas que possam ter causado: aqueles que conseguiram jejuar durante os oito dias seguidos são levados para os templos em procissão.  O festival equivalente na tradição Digambara denomina-se Dashalakshanaparvan,  e para além da prática do jejum, é lido nos templos um importante texto, o Tattvartha-sutra.


- Divali (festa das luzes) - celebração comum a toda a Índia, é para os jainas a comemoração da altura em que o Mahavira deu os seus últimos ensinamentos e alcançou a libertação. Ocorre no mês de Kaartika, que corresponde no calendário gregoriano a outubro-novembro.


- Kartik Purnima - ocorre no dia de lua cheia do mês de Kaartika.  Após terem permanecido numa determinada localidade durante os meses da monção, os monges e monjas jainas regressam à vida errante, sendo por vezes acompanhados por leigos no percurso que fazem para outro local.  Neste dia muitos jainas realizam a peregrinação aos templos de Palitana, no estado indiano do Gujarate.


- Mastakabhisheka - A cada doze anos os jainas (principalmente os do ramo Digambara) reúnem-se no santuário de Shravana Belgola no estado de Karnataka, onde se encontra uma estátua de dezessete metros de altura (estátua de Bahubali - de acordo com o jainismo, Bahubali foi o segundo dos cem filhos do primeiro Tirthankara, Rishabha) que é alvo de libações com água, mel, leite, flores, preparados de ervas e especiarias.  


O jainismo dá mais ênfase a suástica do que o hinduísmo. Representa o sétimo jina (santo), o Tirthankara Suparsva.  É considerada uma das 24 marcas auspiciosas, emblema do sétimo arhat dos tempos atuais.  Todos os templos jainistas, assim como os livros santos jainas, contêm a suástica.  As cerimônias jainistas começam e terminam com o desenho da suástica feito várias vezes em volta do altar.



terça-feira, 21 de abril de 2015

MÚSICA JAINA - 24 TIRTHANKAR - JAIN TIRTHANKAR



24 TIRTHANKAR - JAIN TIRTHANKAR



   



O CAMINHO DA AHIMSA - POR GURUDEV SHREE CHITRABHANUJI



O CAMINHO DA AHIMSA


Escrito por Gurudev Shree Chitrabhanuji


Gurudev Shree Chatrabhanuji


Querido amigos,

Hoje a nossa meditação é sobre Ahimsa (não violência). A meditação é a experiência da paz.  A paz só é possível na presença da Ahimsa.  Então, Ahimsa é necessária a nossa jornada.  O que é Ahimsa?  Ahimsa é ter consideração, é ter Reverência pela Vida.

"A" DE CONSCIÊNCIA

"A" (o inicial) representa a consciência.  Precisamos ver o nosso próprio Eu no espelho da consciência.  E vendo a nós mesmos, nós desenhamos o nosso próprio retrato do que queremos ser e do que realmente somos.  Se formos com amor para mais perto de nosso Eu e experimentarmos o nosso Ser, seremos capazes de experimentar a paz com os outros - tanto como com nós mesmos.  Iremos conhecer o nosso verdadeiro Eu.  "Estou consciente da energia.  Eu sou o único que está animando tudo.  Então porque não animar o meu Ser e aqueles que entram em contato comigo?"  Vendo desse modo, nós pacificamente, espelhamos nossa própria imagem em harmonia com o universo.  Nós experimentamos que "estou animando o corpo, estou animando os sentidos e eu estou animando tudo que eu toco".

Este é o caminho para a auto-realização. Embora, muitas vezes nos contrapomos a ele, esta viagem tem que começar por nós mesmos.  A luz da auto-realização pode ser deslumbrante; tanto quanto a luz do dia para uma pessoa que foi dormir por um longo tempo no escuro.  Teremos que treinar os olhos para estarmos prontos para assumir a luz de tal realização. Isso é feito através da meditação e da elevação da consciência.

A medida que dermos conta de nossa energia amorosa senciente, iremos, cada vez mais fundo, procurar experimentar que "estou aqui para conhecer o meu "eu"- a mim mesmo. Quando amanhecer, daremos conta de nossa unidade com toda a vida. Isto é Ahimsa.



"H" DE HARMONIA

"H" representa harmonia.  "Eu serei uma presença harmoniosa nesta terra e não causarei nenhum dano".  Este é o respeito que se deve ter por todo tipo de vida.  Isso é Reverência pela Vida. Vibrações de violência geram violência. Se nos concentrarmos na violência, então a violência será o nosso hábito.  Mas se todos os dias pensarmos: "Estou aqui para experimentar a presença da paz", começaremos a sentir paz.  Aos poucos, estaremos envolvidos em vibrações pacíficas. Se vivermos dessa maneira, isso se tornará nosso escudo.  Isso se tornará nosso apoio.  Isso, também, se tornará nossa proteção contra a violência exterior.

Na verdade, as vibrações de violência ou vibrações de paz  não vêm de fora; vêm de nosso interior.  No princípio haverá algum tipo de conflito, porém respeite sua vida.  Diga: "Eu não vou criar qualquer tipo de violência para mim mesmo".  E se algum pensamento negativo de ódio, de raiva, de ressentimento vier, diga:  "Não, eu não quero isso.  Eu sou da paz".  Diga para aqueles pensamentos violentos: "Saia!"  Determine isto do mesmo modo que dizemos às crianças: "Por favor, não faça barulho.  Eu quero dormir."  Da mesma forma, temos que dizer a nossa mente o que ela deve fazer.  Às vezes, é fácil sermos categóricos com os outros, porém muito mais difícil é sermos categóricos com nós mesmos.


A violência se infiltra de negatividades.  Cada indivíduo tem de cuidar de si mesmo.  Cada indivíduo tem de criar harmonia dentro de si mesmo.  A menos que criemos a paz interior, não seremos capazes de criar a paz exterior.  Para convencer os outros sobre isso usamos as palavras, entretanto para convencer-nos a nós mesmos, temos de ter a experiência da paz. É fácil dizer palavras, mas é um desafio sintonizá-las com o sentimento. Para fazermos isso, para que haja essa conexão, devemos meditar e experienciar a presença pacífica da Reverência pela Vida.  Dessa maneira, a prática da harmonia impregna, gradualmente, cada célula do nosso ser.



"I" DE INTEGRAÇÃO

"I" representa integração.  Integrar cada coisa: corpo, mente e alma.  Vejamos com equanimidade, igualdade e consideração todas as raças, todas as religiões, todos os grupos étnicos e toda a vida.  Retire as divisões de sua mente.  Retire: "Ele é um cristão.  Ele é um judeu.  Ele é um chinês.  Ele é um indiano." Isso são muros que colocamos devido aos nossos condicionamentos.  Esses muros não estão fora de nós; eles são construídos dentro de nossa mente.  Estes muros nos separam dos outros e nos afastam de nós mesmos.


Integrar! Seja integração!  Precisamos ter um coração que integra tudo, um coração que entenda que todos querem viver, todos querem ter paz, todos querem comer; não há diferenças entre nós e os outros.  O amor não tem tempo a perder com  o ódio.  O amor sabe perdoar, pois o amor sabe como esquecer, o amor sabe como seguir em frente.  Desta forma estaremos trabalhando com integração e, gradativamente, nos sentiremos integrados.


Em primeiro lugar comecemos com a mente, em seguida com as palavras e depois as ações.  Integremos nossa forma de pensar, falar e agir.  Por exemplo: quando dizemos "Obrigado", esse agradecimento vem primeiro em nosso pensamento, depois o traduzimos em palavras e, finalmente, o manifestamos em nossas ações.  Se uma pessoa estiver receptiva ela não usará uma armadura, aceitará meu agradecimento; os meus sentimentos sinceros irão tocá-la.  E é exatamente isso; para que as vibrações sejam verdadeiras, genuínas elas têm que ter harmonia - integração total de pensamentos, palavras e ações.



"M" DE MAGNANIMIDADE


"M representa magnanimidade.  Magnanimidade ou nobreza é uma qualidade da alma.  Ela gera o sentimento de generosidade e compaixão para com todos os seres vivos.  A magnanimidade é uma grande virtude do pensamento, da palavra e da ação, pois ela sabe perdoar.  O perdão é libertação - a libertação do ódio, da vingança, da animosidade (grilhões esses gerados pelos nossos condicionamentos).  Ao perdoar nós libertamos nossa alma da negatividade.  A magnanimidade, a nobreza da nossa alma, sabe que, não perdoar é se comprometer com a tristeza, a dor e o sofrimento.


A magnanimidade é a natureza do espírito.  Ela nunca ofende, ela nunca discrimina, este ou aquele, por causa de sua origem, de sua fortuna, do seu cargo, de sua posição, etc. Ela emana do coração compassivo e amistoso.  Seu sentimento de amor flui para todos - pequeno ou grande.  Ela não tem os muros do preconceito - seja sobre grupos, raças, religiões, etc.



"S" DE SERVIÇO


"S" representa serviço.  Servir a alguém.  Deixe que sua vida seja um serviço ao próximo.  Por meio do serviço nos sentimos vivos, nos tornamos vivos.  Já imaginou quantas pessoas e quantas coisas nos servem?  Nós respiramos o ar, nós bebemos a água, comemos as verduras, usamos as roupas que cobrem nosso corpo, etc.  Sempre estamos recebendo os serviços de outros seres - sejam eles vivos ou inanimados.  E nós, o que estamos dando em troca?  Em troca estamos explorando as pessoas, os animais e a terra.  Dia a dia, o planeta Terra está perdendo sua beleza, sua energia, sua vida.  Se não respeitarmos a terra, não iremos respeitar a vida em qualquer lugar.


Devemos servir e fazer com que o serviço seja parte da nossa vida.  Temos que viver e ajudar - ajudar a deixar os outros viverem.  Algumas pessoas perguntam: "Onde posso ir para servir?"  Eu digo: "Deve servir onde quer que esteja.  Não há necessidade de ir a lugar algum.  Você pode realizar o serviço de muitas maneiras.  Pergunte a si mesmo: "Hoje, como posso servir aos outros seres?" Dessa maneira, realizando o que achar ser propício, estará contribuindo".  Uma pessoa que colabora, que serve, é uma benção para a Terra.



"A" DE ABSTINÊNCIA


"A" (o último) representa abstinência.  A abstinência das coisas que contaminam nossas vibrações, a abstinência de produtos que causam e dor e sofrimento.  A abstinência de bebidas alcoólicas que confundem o nosso pensamento. A abstinência de alimentos que não dão saúde.  


Os alimentos que não são saudáveis podem ter um ótimo sabor, porém agridem e arruínam nosso corpo, nosso pensamento e  a nossa vida. Nossas células  se criam e se reproduzem a partir dos alimentos que comemos e, de acordo com os alimentos que comemos, as nossas vibrações são criadas.  A maneira como nos alimentamos, portanto, influencia nossos pensamentos, o nosso raciocínio e as nossa emoções.  Para promover vibrações de paz e harmonia, precisamos nos abster de produtos nocivos, bem como de alimentos que provêm de algum tipo de violência ou sofrimento (por exemplo, as carnes, que são o resultado do abate de animais). Os nossos sentidos são uma porta aberta para todos os tipos de vibrações.



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Então, meus amigos, quando meditamos nos damos conta de que "Eu sou uma presença viva neste corpo.  Sou uma energia sensível e consciente.  Eu sou Amor.  Eu sou da Paz.  Eu sou compaixão.  Eu animo este corpo.  Eu sou estes sentidos, essas células cerebrais e toda a minha existência.  É assim que me sinto.  Sou Ahimsa.

É dessa maneira que nós podemos viver - com Reverência pela Vida e sermos uma benção para o mundo.


Namo Arihantanam

Amor e bençãos
Chatrabhanuji

sábado, 18 de abril de 2015

JEJUM JAINA


O JEJUM DOS JAINISTAS




O jejum - ato de privar-nos de comida, bebida ou alguns outros itens por um período, curto ou longo, de tempo - é uma prática comum e consagrada em muitas religiões através dos séculos. Os jainistas, no entanto, levam o jejum para um nível bastante curioso e singular.

Qual a perspectiva jaina com relação ao jejum?

Antes há que se explicar a teoria jaina do carma.  Segundo os jainas, o carma não é simplesmente uma lei da natureza de causa e efeito, conforme apregoam algumas religiões e filósofos, mas um tipo de matéria.  Todos nós, seres vivos, temos uma massa corporal devido a um acúmulo de carma em nosso estado puro: a alma.  Partículas cármicas se acumulam em nossa alma por meio de ações, sentimentos e pensamentos que lidam com as paixões, os apegos, a falta de autocontrole, os medos, a ignorância, etc.  Portanto, todo o objetivo da filosofia jaina é ensinar como libertar os seres vivos dessas partículas para que, então, suas almas possam existir em seu estado puro - as siddhas.  Portanto, de acordo com as crenças jainas "siddhas" são almas liberadas que destruíram todas as partículas cármicas.  Elas residem em Siddha-Shila que está situado na parte superior do universo.

O jejum é, pois, para os jainistas uma ferramenta para atingir tal meta.  Ao restringir os nossos desejos de comida, de bebida ou outros itens, nós desmagnetizamos, por assim dizer, as nossas almas e, assim, reduzimos a atração de novos carmas.  O jejum é também um método de penitência para quem comete delitos contra a disciplina espiritual.  Jejuando o jainista pretende retomar o caminho da doutrina.  Monges, monjas, leigos e leigas, todos jejuam para controlar os desejos.  O jejum purifica o corpo e a mente.  Essa prática restaura a ênfase que Vardhamana Mahavira dava a renúncia e ao ascetismo. Mahavira passava meses jejuando e meditando.  Por isso não é suficiente para um jaina, quando em jejum, parar de comer; ele deve, também, parar de querer comer.  O jainista considera que controlar a mente é um objetivo muito importante. Assim sendo, se jejua e continua a desejar alimentos, o jejum é inútil.

Os jainistas são tão eficientes com relação aos jejuns que eles inventaram um sistema que descreve os vários tipos e como devem ser elaborados.  

Tipos de jejum:

- jejum completo - não se pode comer, nem beber água durante um tempo determinado.

- jejum parcial - deve-se comer menos do que se deseja.

- vruti sankshep - deve-se limitar o número de itens alimentares consumidos.

- rasa prityag - não se deve comer os alimentos favoritos.

- grandes jejuns - não comer por um longo período de tempo. Alguns monges jejuam durante meses seguidos, imitando Mahavira que jejuava por mais de 6 meses.


Alguns exemplos  de como devem ser elaborados:


Choviyharo Upavas - Privar-se de comida e água durante todo o dia.


Upavas - Privar-se de alimentos por todo o dia.


Digamber Upvas - Beber água apenas uma vez por dia, antes do pôr do sol.


Shwetamber Upvas - Beber água, desde que isso seja feito antes do pôr do sol.


Chaththa - privar-se de comida e água ou apenas comida durante 2 dias.


Aththama - Privar-se de comida e água ou apenas comida por 3 dias.


Masaksamana - Privar-se de comida e água ou apenas comida por um mês.


Porsi - Alimentar-se e beber água três horas após o nascer do sol.


Purimuddh - Alimentar-se e beber água seis horas após o nascer do sol.

Tivihar - após o pôr do sol não se pode comer, nem beber sucos, somente água.  Muitos jainistas praticam isso diariamente.


Santhara -   Privar-se de comida e água completamente até a morte.  Geralmente é realizado por alguém que tenha terminado de realizar todas as suas obrigações e deveres e deseja deixar este mundo em paz.


Estes são alguns poucos exemplos da forma como os jejuns jainistas são elaborados - a lista é enorme, pois a tradição jaina

admite mais de 40 tipos de jejum.

Outros fatos relevantes e curiosos à respeito dos jejuns jainistas devem ser considerados.  Vejamos o que escreve Agustín Pániker autor do livro El Jainismo, sobre o assunto:



JEJUNS


"Se, como dissemos páginas atrás, para o observador casual o culto aos jinas é a prática religiosa mais expressiva do jainismo, possivelmente, para o jainista a observância de determinadas restrições (pratyakhyana) e penitências (tapas) constitui a forma de prática externa mais significativa de todas. Invariavelmente, essas restrições tomam a forma de jejuns (posadhopavasa, uposatha, anasana).  Novamente, esta atividade é comum a laicos e ascetas, para os quais, esta, é mais uma das obrigações rituais.  Para os primeiros é uma das atividades em que se sentem verdadeiros "sramanas", cujo objetivo é o de queimar o "karma" - não  o de adquirir bom "karma".  Tanto é assim, que a maioria dos jainistas considera o jejum como uma forma superior de prática espiritual, acima, até, do culto no templo.  Por esse mesmo motivo, o termo que mais se utiliza para jejum é "tapas".  O costume jainista de jejuar está atestado, inclusive, nos textos budistas mais antigos.

Dado que os alimentos fazem parte essencial da prisão cármica, já que são responsáveis pela construção de nosso corpo, é bastante lógico que o jainismo propendeu a fazer da restrição alimentar uma de suas práticas mais habituais.  Além do mais, não deixa de ser uma forma de distanciar-se do "ethos"(costumes de um povo) bramânico para o qual o alimento e a alimentação são questões sagradas.  Dentro do jainismo, inversamente, a comida tem uma reputação péssima. Lawrence Babb menciona que um de seus informantes em Ahmadabad dizia, sem ponta de ironia, que "deveríamos comer com lágrimas nos olhos por causa das criaturas que tem que morrer quando nos alimentamos".  Os alimentos são perniciosos - é a busca de alimentos a raiz de toda a violência do "sansara" (fluxo de renascimentos através dos mundos) - constituem o mundo da atadura de forma concentrada.  A abstinência pode chegar, inclusive, a ser completa, com o jejum final (santhara), porém, isso falaremos no capítulo 31.  


O voto do jejum pode tomar múltiplas formas.  Pode tratar-se, simplesmente de não comer ou beber até passados 48 minutos depois do nascer do sol, como quando se realiza o rito de confissão.  Ou pode tomar a forma de um jejum de vários dias que se repetirá anualmente durante sete, dez ou quinze anos.  A tradição reconhece uns quarenta tipos de jejum.  O devoto escolhe.  É muito frequente tomar o voto de jejuar, parcial ou completamente, por causa dos dias denominados "parvan" (dias considerados muito auspiciosos, quando a lua muda de fase), durante determinados festivais e com propósitos particulares.  Os jejuns são mais frequentes durante os meses de monção (meses de chuva), quando os ascetas se sedentarizam e há mais interação e convívio entre eles e a comunidade laica.  É frequente, então, o laico ou a laica   tomar o voto de jejuar por estar em presença de um asceta.  Na verdade a confissão, a benção e o aconselhamento com o asceta não são obrigatórios.  Ele pode tomar o voto de forma privada - frente a uma imagem do jina ou uma outra representação do asceta -, ou unir-se a um grupo com o mesmo propósito.  O que importa é que se realize o voto com a declaração de intenções. do contrário o jejum será infrutífero.  Os jejuns coletivos necessitam de um patrocinador da comunidade que financie o ritual.


A maioria desses jejuns são parciais.  James Laidlew escreveu que no jainismo o jejum é, frequentemente, uma forma de se alimentar.  Nesses casos, geralmente, trata-se de uma refeição por dia e, ainda assim, muito frugal.  O que importa é que a alimentação se converta em atividade religiosa.  E já que se trata de um não-alimentação, é também uma não-ação. E a inação é, na linguagem jainista, a forma mais elevada e segura de eliminar "karma".  O jejum pode contribuir para se ter mérito religioso (punya), sem dúvida; porém o que a comunidade valoriza é a possibilidade de queimar "karma", isto é, o seu valor soteriológico (salvacionista).  E para que assim seja, é imprescindível a atitude mental (bhava) de desapego, equanimidade e pureza.


O jejum é, portanto, a forma externa que mais distingue os jainas de seus vizinhos.  Embora no hinduísmo os jejuns façam parte da prática religiosa, e de fato o termo sânscrito "uposatha" já se referia ao jejum que os antigos védicos realizavam antes de um sacrifício, de modo algum esta prática está tão estendida, é tão frequente e é tão prolongada como entre os jainistas.  Tampouco possui as mesmas conotações.  O jejum jaina, por exemplo, celebra o que teve de realizar Rishaba (também conhecido como Adinatha, foi o fundador do jainismo e o primeiro dos vinte e quatro Tirthankaras - os mestres que estabeleceram os ensinos jainas) quando se converteu no primeiro renunciante deste ciclo cósmico. Ao tempo de Rishaba as pessoas não sabiam como oferecer alimento a um asceta e lhe ofertavam joias, tesouros e ricos manjares.  Rishaba teve que jejuar durante seis meses até que um laico, milagrosamente, sonhou ter visto monges jainistas numa vida passada (sem dúvida, no ciclo cósmico anterior)  e passou a dar-lhe os alimentos corretos e de forma apropriada. Rishaba pode, então, romper seu jejum.  Imitando esse gesto, um dos jejuns mais comuns do jainismo dura um ano inteiro e intercala um dia de jejum total com outro de jejum parcial.  O jejum é finalizado com as festividades da Akasaya Tritya. Dessa forma os jainas reproduzem o tipo de ascetismo praticado em eras mais virtuosas, replicam o esforço sobre humano dos grandes heróis do passado.  A meta da libertação preside a maioria dos jejuns jainistas.  Os laicos são muito conscientes de que seus jejuns são a expressão mais fiel e profunda do valor do "tapas" (penitências).


Um jejum normal é mais ou menos assim: após um desjejum, devidamente, purificado, o laico ou laica irá até uma sala de jejum da comunidade (posadha-sala) que já existe para esse fim.  Permanece ali um dia e meio ou dois, que é um espaço de tempo típico de muitos jejuns.  Dormirá pouco, recitará os "mantras" sagrados e lerá as escrituras.  Embora, geralmente, o jejum seja feito coletivamente o laico ou laica tem que conservar o silêncio e a meditação.  A intenção é imitar a conduta dos ascetas.  Este aspecto está perfeitamente refletido na utilização do espanador - um dos pouquíssimos utensílios que portam os ascetas, símbolo do seu empenho pela "ahimsa" (não violência) - e que o devoto utiliza para desempoeirar, cuidadosamente, o tapete onde se sentará.  É frequente que o jejum seja complementado com rezas coletivas no templo (puja) e confissão aos ascetas; deve-se ouvir, também, os discursos religiosos ministrados pelos monges (pravacanas). Depois o laico ou laica irá para sua casa, realizará o culto ao"jina", doará alimento à algum asceta e romperá o jejum. Essa participação dos laicos no ideal monástico fortaleceu muito os laços entre ambas as comunidades.


A prática do jejum é seguida com particular afinco pelas mulheres.  O jejum é a melhor expressão de pureza, moralidade e castidade da mulher jainista.  Como disse Josephine Reynell " o álbum de fotos dos jejuns vem a seguir ao álbum de fotos da celebração do casamento".  Os jejuns servem para mostrar que a dama é controlada e mantem a honra sexual depois do matrimônio.  Os jejuns durante a "purnima" ou lua cheia (o dia de "purnima" é o dia em cada mês em que a lua cheia ocorre, e marca a divisão em cada mês entre as duas quinzenas lunares) são tão habituais que para muitas jainistas são quase que "obrigatórios".  O mesmo se pode dizer de certos jejuns durante os festivais.  Para muitas mulheres o jejum chamado Rohini-tapas (três dias ao mês de jejum total que se prolonga durante sete anos e sete meses) é sinônimo de atividade religiosa.  É praticamente impossível falar de um, ou uma jainista que não tenha uma certa experiência em jejuar.  E no caso das mulheres o ato tem mais relevância, já que são elas quem - sem poder provar a comida que preparam e sem poder beber água - cozinham e servem os alimentos para os demais membros da família que, no momento, não seguem nenhum jejum.  Como resume Paul Dundas, "para as mulheres, o jejum não é apenas uma questão privada, nem uma imposição como forma de penitência para expiar a má conduta. Mais do que isso, ao tomar um voto que implica em algum tipo de jejum, para elas, isso é a mais significativa de toda uma série de práticas religiosas, pois o fazem de bom grado". Frequentemente esse voto de jejum é sugerido por um asceta, asceta esse, que confirmará a seriedade de seu empenho e, por extensão, a de seus familiares, diante da religião jainista."


MÚSICA JAINA : AAPKI KRIPA - DE SHARED JAIN


AAPKI KRIPA
                            de Shared Jain




    




quarta-feira, 15 de abril de 2015

SÍMBOLOS JAINAS



SÍMBOLOS JAINISTAS

A BANDEIRA JAINISTA


ou



A bandeira jainista tem cinco cores diferentes:

A cor vermelha representa Siddha (as almas liberadas)

A cor amarela representa Acharya (mestre espiritual)

A cor branca representa Arihanta (aquele que consegue derrotar os inimigos internos e atingir o estado de bem aventurança                                                                                   

A cor verde representa Upadhyaya (brâmanes)

A cor azul escuro ou preto representa Muni (Sadhu - asceta ou monge
                                                                                           
Há um símbolo de suástica na faixa central (ver símbolo da suástica nesta postagem)





ARATI



                                                                                                   


O arati é uma pequena pira - ou castiçal - que tem cinco pavios. A chama é acesa em um algodão embebido em óleo.  O arati é manuseado em movimentos circulares em frente ao ídolo (Tirthankara) que se esta cultuando; esse ato é feito no final de uma cerimonia de adoração e também à noite diante do templo fechado.  A escuridão simboliza a negatividade, o medo e a ignorância, ao passo que a luz simboliza a divindade.  A luz do arati dissipa a escuridão, o que significa a superação da negatividade através da virtude, o medo através da coragem e a ignorância através do conhecimento.  Os cinco pavios acesos simbolizam:

- Panch Parmesthi:  Arihanta, Siddha, Acharya, Upadhyay, Sadhu                                                                                                 

- cinco tipos de jnanas ou conhecimento: Matijnan, Shrutjnan, Avadhijnan, Manah Paryayjnan, Kevaljnan

cinco grandes votos: ahimsa, não roubar, veracidade, celibato e desapego  





MANGAL DEEVO









Mangal deevo é uma pequena pira - ou castiçal - que tem um único pavio. Ele é usado para rituais de adoração. Após o ritual com o arati. A chama é acesa em um chumaço de algodão embebido em óleo.  Quando o pavio esta aceso ilumina a face do jina - ídolo do culto. Os jainas acreditam que essa prática de adoração irá também iluminar seus corações com a verdade e a compaixão.  A única luz do Mangal deevo é também um símbolo de kevaljnan (conhecimento infinito) e das almas liberadas.



O SÍMBOLO UNIVERSAL JAINA




Este símbolo jainista é uma combinação de vários símbolos. Foi adotado  durante a comemoração  dos 2500 anos da mokha de Vardhamana Mahavira.  O contorno do símbolo é definido como sendo o universo (loka).  A suástica que é explicada ainda nesta postagem.  A  mão (mão jaina) levantada indicando "stop" (pare) está associado ao conceito de não violência.  A mão com uma roda na palma simboliza o voto jainista da ahimsa (não violência).  A palavra no centro da roda quer dizer "ahimsa".   A mão jaina significa que devemos parar por um minuto e pensar duas vezes antes de começar qualquer atividade .  Essa parada nos dá a oportunidade de analisar as nossas atividades para ter certeza de que não iremos machucar ninguém com nossos pensamentos, palavras e ações. A roda na mão mostra que, se não tivermos cuidado e ignorarmos esses avisos, então, assim como a roda gira, iremos, repetidamente, passar pelo ciclo de nascimento e morte.




SUÁSTICA JAINA



 Os braços vermelhos da suástica jaina representam os quatro tipos de renascimento (gatis): como seres celestiais, como seres humanos, como criaturas do inferno, como criaturas inferiores. Estes quatro tipos de renascimento são representados, em sentido horário, a partir do canto superior esquerdo da suástica.  Nosso objetivo deve ser a libertação destes quatro tipos de renascimento.  Os três pontos verdes acima da suástica representam as Três Jóias do jainismo - Fé correta, Conhecimento correto, e Conduta correta - ou o caminho jaina da libertação.  No topo há um pequeno crescente amarelo chamado Siddhashila, o lugar das almas liberadas,  O ponto amarelo acima do crescente representa um siddha (alma liberada).




CUMPRIMENTO "JAI JINENDRA!"

  




"Jai Jinendra!" significa:  "Que a religião estabelecida pelos jinas prevaleça em nossos corações".  Os jainistas cumprimentam-se dizendo "Jai Jinendra!" porque vêem no outro a imagem de um Jina, o destruidor de todos os inimigos internos.  Reconhecendo isso eles curvam-se em relação à sua alma.  Eles compreendem que cada alma é capaz de se tornar um destruidor de inimigos internos como a ira, a ganância, o egoísmo, a ignorância, etc.





TEMPLOS JAINAS





Templos jainistas (Jinalaya, Derasar, Basadi, Mandir) são locais de culto em que a pessoa experimenta imensa paz e serenidade.  As imagens dos  Tirthankaras e o ambiente do templo promovem  a devoção e a introspecção; é um convite  à que pessoa queira seguir um caminho de purificação banindo de dentro de si tudo que a afasta da libertação.





OM






OM significa integralidade, completude.  É uma palavra simbólica que significa o infinito, o perfeito, o eterno.  O próprio som é completo representando a totalidade de todas as coisas.  Ao atingir o conhecimento absoluto ou onisciência, o corpo do Arihanta emana OM - também chamado de Som Divino (Divya Dhwani).  OM soa  como AUM e por isso é composta de cinco letras ao pronunciá-la: A, A, A, U e M.

- a primeira letra "A" representa Arihanta (um ser humano que consegue ter a  percepção da verdadeira natureza da alma e da realidade e consegue derrotar todos os inimigos internos responsáveis pela perpetuação da ignorância.

- o segundo "A" representa Ashariri (ou sidha - uma alma liberada que já não habita esse mundo)

- a terceira letra "A" representa Acharya (um asceta que é o chefe da congregação jaina)

- a letra "U" representa Upadhyay (um professor asceta)

- a letra "M" representa Muni (sadhus ou sadhvis - homens e mulheres renunciantes da vida mundana - e que praticam os princípios jainas.

O OM, portanto, representa uma saudação a essas cinco personalidades veneradas na religião jaina.  OM é uma forma abreviada do Namokar Mantra. 




HRIM



Exitem certos mantras, de uma única sílaba, que são extremamente potentes.  Eles são conhecidos como mantras seminais.  HRIM é um mantra semente. Para os jainistas é um símbolo místico que representa o som invisível, infinito e a energia divina dos 24 Tirthankaras.  Meditando sobre "HRIM" se experimenta a energia sublimada dos Tirthankaras.




ARHAM  



A palavra ARHAM é um mantra que representa todos os sons das vogais e consoantes usadas no alfabeto da língua sânscrita. A primeira vogal do alfabeto sânscrito é "a" e a última consoante é "h".  Os jainas acreditam que meditar sobre esse mantra é centrar-se no som silencioso do universo.