domingo, 1 de março de 2015

VARDHAMANA MAHAVIRA




NASCIMENTO E INFÂNCIA 

Vardhamana Mahavira nasceu no ano de 599 a.C. perto de Vaishali – um bairro perto de Bihar, na Índia. Seu pai chamava-se Siddharta e sua mãe Trishala. Seu pai pertencia à casta guerreira e era líder de um clã. A mãe era filha de Chetak, o poderoso e famoso rei de Vaishali. Vardhamana Mahavira tinha um irmão mais velho cujo nome era Nandivardhana e seis tias maternas que eram casadas com vários reis da Índia Oriental. Eventualmente seu relacionamento com esses reis, posteriormente, ajudou a promover a reforma jainista no país. 

Vardhamana Mahavira recebeu toda a educação necessária para tornar-se um príncipe. Ele aprendeu com rapidez e facilidade tais ensinamentos. Tinha conhecimento sobre literatura, arte, filosofia, ciências militares e administrativas. Mas logo constatou não estar interessado em coisas mundanas e queria renunciar a elas. Seus pais, porém, não permitiram que fizesse isso. 

Quando Vardhamana Mahavira tinha 28 anos seus pais morreram. Ele achou que estava livre para deixar o palácio, entretanto, seu irmão Nandivardhana pediu-lhe para não sair de repente; convenceu-o a ficar com ele por mais algum tempo. Para respeitar o irmão mais velho permaneceu ali até a idade de 30 anos. Nesses dois anos Vardhamana praticou a autodisciplina e exercitou-se para tornar-se um asceta. Aos 30 anos ele doou todos os seus bens pessoais para pessoas pobres e carentes e em seguida deixou sua casa. Ele vagou com os pés descalços por lugares estranhos e agrestes. Ele meditava nesses lugares e não falava com ninguém. Raramente tinha comida para se alimentar e jejum era uma coisa comum para ele. Algumas pessoas de comunidades por onde passava assediavam-no com zombarias e provocações, mas ele nunca reagiu. Após 12 anos de muito ascetismo e sua busca pela verdade Vardhamana se tornou um monge nu. Ele tomou sua primeira refeição depois de se tornar um monge de uma mulher chamada Slave Chandana. 

Vardhamana Mahavira viajou para várias partes do norte da Índia sem o uso de qualquer veículo, sempre com os pés descalços. Ele passou por Bihar, Jharkhand, Bengala Ocidental, Orissa e Uttar Pradesh. Em seu percurso por esses lugares ensinou e pregou o modo de vida que se deve adotar. Ele anunciou uma guerra silenciosa contra o sacrifício de animais. Todos os tipos de pessoas, sem distinção de castas, foram atraídos para os seus ensinamentos – isso incluía reis, rainhas, homens, mulheres, ricos e pobres. Muitos brâmanes acadêmicos como Indrabhuti Gotama, Agnibhuti, Vayubhuti e outros mais se juntaram a sua missão com seus milhares de alunos e discípulos. Indrabhuti Goutama e vários outros brâmanes compilaram toda a doutrina e instruções de Vardhamana Mahavira. Sherenik Bimbisar, que era o famoso e poderoso rei de Rajgrahi também tornou-se seu discípulo. Sherenik Bimbisar perguntou a Vardamana que lhe desvendasse questões sobre a alma, renascimentos, meditação, shraman (sramana), tradição e história e obteve todas as respostas. Estas perguntas e respostas foram escritas por Indrabhuti Gotama e são preservadas até hoje na literatura Jaina. 



 ENSINAMENTOS DE VARDHAMANA MAHAVIRA 

Os ensinamentos de Vardhamana Mahavira pertenciam a antiga e pré tradição ariana do shraman (sramana), que foram movimentos religiosos que surgiram paralelos e separados da religião histórica védica. Esses movimentos não reconhecem a autoridade dos brâmanes nem dos Vedas (escrituras sagradas do hinduísmo). O jainismo não acredita na teoria da criação nem a de um Deus criador. Segundo ele, ninguém criou o universo. O universo não teve princípio nem terá fim. Somente mudanças ocorrem. Um ensinamento relevante no jainismo é o anekantavada. Esse ensinamento se refere aos princípios de pluralismo (O pluralismo é um termo usado em filosofia que significa “doutrina da multiplicidade”. Doutrina essa que se contrapõe ao monismo que significa “doutrina da unidade” e ao dualismo que significa “doutrina da dualidade”) e diversidade de pontos de vista. De acordo com os ensinamentos jainistas, toda a verdade tem muitos ângulos ou pontos de vista. Cada observador consegue observar parte da verdade, não à verdade inteira. Por ser assim o observador não está totalmente errado. Mas a verdade só pode ser admitida somente após considerar-se todos os aspectos. 

Vardhamana nunca admitiu a divisão da sociedade em classes ou castas. Segundo ele uma pessoa se torna grande por seus próprios atos e não por ter nascido nessa ou naquela comunidade, classe ou casta. Uma de suas citações mais famosas é : Eko manuss Jaai – que significa que toda a humanidade é uma só. Isso quer dizer que pessoas de classes ou castas diferentes podem ser monges ou adeptos (seguidores) nas comunidades jainistas. 
A doutrina de Vardhamana Mahavira foi baseada em três preceitos que são chamados de As Três Jóias do jainismo. Esses três preceitos são: 

Reto Conhecimento 
Reta Fé 
Reta Conduta 

Alguns desses ensinamentos incluem: 

AHIMSA (não violência): Deve-se evitar todos os tipos de violência; isso inclui: não ferir os outros com palavras. Não se deve matar qualquer criatura viva, nem ser causa de assassinatos. Por causa disso o vegetarianismo tornou-se algo fundamental para os discípulos do jainismo. No entanto não se pode condenar assassinatos inevitáveis, consequentes de trabalhos de rotina como, por exemplo, os praticados nas tarefas de agricultura. O jainismo também não condena cabalmente a violência quando se trata de proteger a si mesmo, a família, a aldeia ou nação. 

VERDADE: Não mentir, falar somente a verdade. Mas evitar sempre falar a verdade amarga que irá machucar os outros. 

NÃO ROUBAR: Não subtrair coisas que pertençam a outro sem seu consentimento. 

NÃO POSSE: Não possuir melhores e maior número de coisas do que as que a necessidade exige. O excesso de dinheiro deve ser doado para causas nobres. 

CELIBATO: Controlar os desejos sexuais. Nunca envolver-se em relações extraconjugais. 



A MOKSHA DE VARDHAMANA MAHAVIRA 

Para Vardhamana Mahavira o objetivo final da vida para todo mundo é alcançar a moksha ou libertação. Moksha nada mais é do que romper o ciclo de nascimento, vida e morte. Vardhamana atingiu a moksha na madrugada de uma noite sem lua em Pavapuri, em Bihar quando tinha 72 anos (527 a.C.).  Nesse mesmo dia, seu principal e fiel discípulo Indrabhuti Goutama atingiu o Keval Gyan, ou seja, a onisciência ou conhecimento absoluto. 

A notícia da moksha de Vardhamana Mahavira se espalhou por todo o território onde perambulou e os dirigentes de 14 reinos se reuniram em Pawapuri (localizado em Bihar). Eles participaram do funeral daquele que consideravam seu grande mestre, um Jina ( vencedor), aquele que alcançou um estado de perfeição espiritual. A morte de Vardhamana Mahavira, não foi para toda a comunidade jaina uma ocasião de tristeza, mas de alegria. Vardhamana estava livre do nascimento e morte e isso era motivo de júbilo. Decidiram, portanto, lembrar essa data, comemorando a cada ano com um festival de luzes e cores. Essa cerimônia se perpetuou - até os dias atuais ela acontece na Índia.

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