sábado, 3 de outubro de 2015

COMPREENDENDO O QUE É AMOR - Pujya Gurudevshri Rakeshbhai


COMPREENDENDO O QUE É AMOR

Prédica de Pujya Gurudevshri Rakeshbai



Pujya Gurudevshri Rakeshbhai


Amor - uma palavra que é usada para descrever uma das emoções humanas mais naturais. No entanto, esta mesma palavra, muitas vezes, é mal interpretada e aviltada. Pujya Gurudevshri nos convida a examinar o amor que experimentamos e compará-lo com aquele que é definido pelos seres iluminados - o verdadeiro amor.

O Dharma (a religião, a doutrina ou o caminho para a Verdade Superior) é o resumo do amor puro. O mundo acredita que o amor só é possível entre seres compatíveis, que tenham um mesmo estilo de vida ou sejam da mesma opinião. No caso de uma relação Guru-discípulo, existe, entre os dois, uma diferença categórica. O discípulo se identifica com o seu corpo e é um escravo de sua mente, já o Sadguru* está além da identificação com o corpo e transcendeu a mente. Embora, haja uma diferença enorme entre esses dois estados de ser (o do discípulo e do guru), o amor pelo Sadguru tem a capacidade de dissolver todas as distâncias.

* Sadguru ou Satguru significa verdadeiro guru, verdadeiro mestre. O título significa que os estudantes têm fé que o guru é confiável e os guiará até o moksha ou iluminação ou a paz interior. Este conceito é baseado em uma longa e importante linha de conhecimento e entendimento das filosofias religiosas indianas - a de que o mestre, o guru é um sagrado guia para a autorrealização.

Quando dois amantes se encontram seus olhos brilham, parece haver música no ar e seus corações dançam de alegria. Mas esse brilho no olhar de ambos dura somente enquanto estão juntos; quando estão longe um do outro, o brilho desaparece. No entanto, a luz que se acende no coração do discípulo ao conhecer o Sadguru não se extingue mais. A melodia não cessa de tocar. Toda a sua vida se torna uma dança.

O Dharma evolui quando o discípulo está cheio de amor pelo Sadguru. Há muitos exemplos que ilustram isto. Quando Sariputra se inclinou diante do Senhor Buda, quando Ali sentou-se  aos pés de Maomé, quando Mansur buscou refúgio em Junaid, quando Gautamswami se aproximou de Bhagwan Mahavira, quando Pujyashri Sobhagbhai foi até Param Krupalu Dev (Srimad Rajchandra), o que resultou disso foi o nascimento do Dharma nos corações destes discípulos.

O Dharma se manifesta quando o amor do discípulo pelo Sadguru floresce, convertendo-se na causa para a realização do Ser Supremo. Portanto, a introdução do discípulo  no Dharma - o caminho para a Verdade Superior - se dá através do amor pelo Sadguru. O amor pelo Sadguru cresce gradualmente e acaba por se estender a todo mundo. Portanto o amor é precioso.



Equívocos Sobre o Amor

Apesar do amor ser algo glorioso, para alguma pessoas, ele é uma emoção pecaminosa, para outras, é  causa de dor. Por causa disso essas pessoas são incapazes de acreditar que o Divino possa ser alcançado através do amor.


Quando se compara o amor com pecado, aí existem duas conotações negativas: 


- a  primeira é  que você subtrairá o amor das orações porque uma oferenda ao Senhor não pode ser contaminada com "pecado". No entanto, as orações sem amor irão torná-las secas, fracas e sem vida. Tornar-se-ão meras formalidades. A força vital da oração é o amor... mas se você o rotula como sendo pecado... Inevitável que as portas da oração se fecharão. As orações morrerão lentamente. Esta é uma das razões porque o mundo está se tornando desprovido de Dharma.


- em segundo lugar, se o amor é visto como uma impureza, será encarado como um crime e dará origem a sentimentos de culpa e auto-desprezo. Mas o amor é uma virtude inerente a todos os seres e considerá-lo um pecado tornará a vida difícil. Toda relação na sociedade será vista através dos olhos do desprezo.


Para alguns o amor é doloroso - isso não é por causa do amor em si, porém por causa das impurezas em seu amor. É verdade que o amor pode ser como néctar ou pode se transformar em veneno nas mãos de  alguém imaturo e leviano. A experiência de alegria ou de dor no amor depende somente de você.



Luxúria Versus Devoção

O amor quando dirigido de forma superior é conhecido como devoção, enquanto que o amor com que o mundo está familiarizado, o que é dirigido de forma inferior, é chamado de luxúria. Embora, ambos, sejam formas de amor, eles são contrários em sua natureza. O amor na forma de luxúria é doloroso e cria o inferno. Sublimado em devoção é feliz e divino. Você colhe o que planta. Você, com certeza, suporta ou se regozija com as consequências do tipo de amor que tem estimulado.


Portanto, para experimentar alegria no amor, há que dirigi-lo, sabiamente, para a forma superior. A forma inferior jamais poderá fazê-lo feliz. O aprisionará e é certo que lhe trará infelicidade em algum momento ou outro. Aprenda com seus erros; do contrário você será vítima da luxúria sempre e sempre. Ela reduz você a um ser mendicante de amor. Os amantes dessa forma inferior de amor suplicam amor e felicidade àqueles que, também, são mendicantes. Daí vê-se que nenhum deles tem nada a oferecer. Como, então, poderão ser felizes?





A Etiqueta do Amor

O amor é dar e não mendigar. Você só pode amar os outros se estiver cheio de amor por si mesmo. Quando seu coração está cheio de ódio, medo, ciúme, egoísmo, antagonismos e expectativas, o amor não ascende dentro dele porque sua atenção está dirigida para estas negatividades. E quando você não sente o amor ascendendo dentro de seu coração, então rotula de amor somente aquilo que é capaz de sentir - luxúria, possessividade , apegos mundanos, etc. As pessoas vivem sob o mesmo teto e afirmam amar umas as outras; ainda assim procuram o amor e a felicidade em outro lugar? Isto é realmente amor? Procure certificar-se!  O que está no cerne daquilo que você chama de amor? Você, realmente, ama alguém? O que você tem dado para o outro em prol desse amor? Você abandonou suas expectativas egoístas no amor? Ou você se rendeu ao seu ego?


Quando você fala de amor se refere àqueles de quem recebeu alguma coisa. Para você, o amor tem sido um "tomar" ou um "exigir" dos outros. O verdadeiro amor não impõe condições, nem exige nada. Onde há o desejo de tomar ou de exigir não é amor puro - é luxúria. E a luxúria sempre permanece insatisfeita.


A luxúria traz embutida negatividades como o ciúme, etc... E, uma vez assim, num dado momento esse chamado amor assumirá a forma de ódio. Quando o seu ego não está satisfeito ou quando suas expectativas não são atendidas, você pode tornar-se tão violento a ponto de matar o ser amado por quem, a princípio, estava disposto a morrer. Não se surpreenda, pois, quando esse tipo de amor traz-lhe dor.


O verdadeiro amor não pode ser fonte de dor. Os santos  o experimentam como néctar. Eles não apenas enaltecem o amor, mas, o têm como um forma de realização de si mesmos. Se o seu amor dá alegria e paz a todos, então o amor, certamente, não é causa de dor. Tem que haver algo mais do que o amor do tipo que traz dor. Mas você já se perguntou sobre o por que de seu sofrimento? O que é que o causa? São as negatividades. Se o seu coração está repleto do veneno das negatividades, isso contaminará seu amor também. Então o que deve fazer é remover do seu amor o que não é amor: o egocentrismo, o desejo de posse, etc. É isso que dá origem a dor, no entanto, você interpreta mal o amor que sente e quer fugir dele. O Dharma (a religião, a doutrina ou o caminho para a Verdade Superior) o chama, não para que fique longe do amor e, sim, para que você  elimine as negatividades que o corromperam. Os santos pedem-nos para transformarmos o nosso amor, purificarmos o nosso amor  e não para destruí-lo. Pode haver impurezas nesse amor. Mas essas impurezas não são amor. São meras sujeiras e não justificam a rejeição do amor em si.





Abra Seus Olhos

Faça uma transformação fundamental em sua vida. Mergulhe, profundamente,  dentro  de si mesmo e encontre a verdadeira causa da dor. Se há sofrimento, você pode ter certeza que isso não é amor. Elimine todas as negatividades e deixe que seu amor floresça. Isso por si só é o seu dever. Examine o seu amor à luz da compreensão do amor puro dado pelos santos. Abra seus olhos para o que é verdadeiro.

O amor por um Sadguru o ajudará a ver suas negatividades e removê-las. O amor por um Sadguru é o amor por seus ensinamentos, por seus mandamentos e a ânsia de viver em alinhamento com eles. O ouro pode estar impuro, mas continua sendo ouro e não ferro. Ele só precisa ser purificado. Quando passa pelo processo de refinamento, tudo que é inútil se separa e tudo que é útil e puro permanece. Da mesma forma, as impurezas no amor são apenas sujeira. Quando seu amor passar pelo calor da sabedoria e dos ensinamentos de um Guru, as suas impurezas se desprenderão e você experimentará o verdadeiro amor.

Quando o amor se transforma e se manifesta em sua forma pura as portas do Divino se abrem. Este despertar é Dharma, após o qual tudo parece maravilhoso e sublime. Mesmo aqueles a quem não gostava você os tomará como seres sagrados e dignos.

Invista seu amor no mais alto. Pode ter certeza que você jamais se arrependerá deste investimento. Na verdade, você já tem amor, tudo o que precisa é dirigi-lo para o Divino. Atreva-se a embarcar nesta viagem. Embora você comece com o amor que está cheio de impurezas, ao trilhar o caminho do amor para o Sadguru - ao seguir seus ensinamentos e permanecer em oração - certamente, chegará ao destino do amor puro. E o amor puro é um estado livre de luxúria, uma vida de verdadeiro Dharma, uma experiência ininterrupta de bem-aventurança e realização do Supremo.




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