domingo, 24 de maio de 2015

NAVKAR MANTRA II

NAVKAR MANTRA




 NAVKAR MANTRA

Namo Arihantanam
Namo Siddhanam
Namo Ayriyanam
Namo Uvajjhayanam
Namo LoyeSavvaSahunam

Eso PanchNamoKaro
Savva Pava Panasano
Mangala Nancha Savvesim, Padhamam Havai Mangalam



O SIGNIFICADO NAVKAR MANTRA


Namo Arihantanam
Eu me curvo a todos os seres iluminados (Arihantas) que atingiram o perfeito conhecimento, visão, felicidade e poder. Eu me curvo aos Arihantas que nos mostram que os ciclos de nascimento, morte e miséria pode ter fim; que nos mostram o caminho da libertação que é Conhecimento Correto, Fé Correta e Conduta Correta.

Namo Siddhanam
Eu me curvo a todas as almas liberadas (Siddhas) que atingiram o estado de perfeição e imortalidade. Eu me curvo aos Siddhas que seguindo a senda correta se libertaram de todos os carmas.

Namo Ayriyanam
Eu me curvo aos superiores das congregações religiosas (Acharyas) que seguem o caminho da libertação, pregam os princípios da religião e inspiram-nos a viver uma vida de moralidade e espiritualidade.

 Namo Uvajjhayanam
Eu me curvo aos mestres ascetas (Upadhyayas) que pelo seu grande conhecimento das escrituras religiosas nos explicam a verdadeira natureza da alma e do carma e nos mostram a importância da vida espiritual em detrimento da vida material.

Namo LoyeSavvaSahunam
Eu me curvo a todos os ascetas que seguem estritamente os cinco grandes votos de conduta, que são - não-violência, veracidade, não roubar,  celibato, não-posse - e inspiram-nos a viver uma vida simples.

Eso PanchNamoKaro
Savva Pava Panasano
Mangala Nancha Savvesim, Padhamam Havai Mangalam
Para estas cinco categorias de grandes almas eu ofereço a minha reverência. Tal reverência pode ajudar a diminuir as minhas transgressões e pecados. E entre todas as coisa que nos trazem genuína felicidade recitar esse mantra com a intenção de seguir o exemplo destas grandes almas é a felicidade maior.



AS CINCO CATEGORIAS DAS GRANDES ALMAS


ARIHANTAS


A palavra Arihanta é composta de duas palavras:


Ari = inimigos

hanta = destruidor

Portanto, Arihanta significa um destruidor dos inimigos. Esses inimigos são os desejos internos conhecidos como paixões. Estes incluem raiva, egoísmo, engano e ganância. Até que controlemos esses inimigos internos, a nossa verdadeira natureza ou o poder da nossa alma não será realizado ou manifestado. Algumas paixões são chamadas de "Ghati Karmas" porque elas afetam diretamente a verdadeira natureza da alma. As "Ghati Karmas" são classificadas em:


Jnanavarniya karma - obscurecimento do conhecimento

Darshanavarniya karma - obscurecimento da percepção
Mohniya karma - obstruções
Antaray karma - ilusões

Quando uma pessoa supera os "Ghati Karmas" ela é chamada de Arihanta. O Arihanta é alguém que alcança: 


- Kevalgyan - o conhecimento perfeito devido a destruição de todos os Jnanavarniya karma.


- Kevaldarshan - percepção perfeita devido a destruição do Darshanavarniya karma.


- Bem-aventurança devido a destruição de todos os Mohniya karmas.


- Infinito poder devido a destruição de todos os Antaray karma.


Há dois tipos de Arihanta: o Tirthankara e o comum (ou ordinário). O Arihanta Tirthankara são especiais porque eles revitalizam (ou trazem novos conhecimentos) para as quatro categorias  de pessoas  da comunidade (Jain Sangha).  Essas quatro categorias da Sangha são: sadhus (homens santos), sadhvis (mulheres santas), shravakas (chefes de família do sexo masculino),  shravikas (chefes de família do sexo feminino). Em cada metade de ciclo, conforme os jainas contam o tempo, vinte e quatro pessoas, a princípio como nós, sobem para o nível de Tirthankara. O primeiro Tirthankara foi Rishabha e o vigésimo quarto, e último, foi Mahavira. Um Tirthankara também é chamado de jina. Jina significa conquistador das paixões.  No momento da libertação da existência mundana (moksha), o Arihanta lança fora os restantes quatro Aghati karmas restantes que são:


Nam karma - estrutura física

Gotra karma - status ou posição
Vedniya karma - causa da dor e do prazer
Ayushya karma - tempo de duração

Estes quatro carmas não afetam a verdadeira natureza da alma, por isso eles são chamados de Aghati karmas. 


É muito interessante notar  que no Mantra Navkar oramos em primeiro lugar para os Arihantas e, depois, é que oramos para os Siddhas, uma vez que os Siddhas são almas que atingiram a perfeição -  destruíram todos os karmas (Ghati e Aghati) - e habitam um lugar mais elevado do que os Arihantas. Depois que os Siddhas atingem Mokha não temos mais acesso a eles. Já, os Arihantas ainda habitam a matéria, possuem um corpo material e por isso nos oferecem orientação espiritual. Não nos seria possível saber sobre os Siddhas, o que é Moksha e outros conhecimentos elevados se não fossem eles. A fim, pois, de mostrar nossa total reverência por tudo que eles são e representam, nós saudamos no Mantra Navkar primeiro os Arihantas, depois, os Siddhas.


SIDDHAS

Os siddhas são as almas liberadas.  Elas suplantaram completamente o ciclo de nascimento, morte e renascimento. Elas atingiram o estágio final, a salvação (moksha).  Elas não têm qualquer carma a cumprir, nem recolhem novos carmas. Os Siddhas são sem forma, gozam de felicidade eterna, têm conhecimento e percepção absolutos e seu poder é infinito. Os Siddhas têm oito características ou qualidades (gunas).  são elas:

Ananta Gyana - conhecimento infinito

Ananta darshana - poder infinito
Ananta labdhi - visão infinita
Ananta sukha - disciplina infinita
Akshaya sthiti - permanência sem alteração
Sendo vitaraga - imparcialidade
Sendo arupa - sem nome ou forma
Aguruladhutaa - é Deus (ou o que comumente chamamos de Deus)

ACHARYAS

A mensagem dos Tirthankaras é ensinada e exemplificada pelos Acharyas. Eles são nossos grandes mestres e líderes espirituais. A responsabilidade do bem-estar espiritual de toda a comunidade jainista repousa sobre os ombros dos Acharyas. Antes de chegar ao status de Acharya, o monge tem que estudar com afinco e obter completo domínio das escrituras jainas (Agamas).  Além de adquirir um elevado nível de excelência espiritual deve, também, ter capacidade de liderança.  Os Acharias conhecem diversos idiomas, e têm um bom conhecimento sobre filosofia e outras religiões.

UPADHYAYAS

Este título é dado aos monges (Sadhus) que adquiriram um elevado conhecimento das Escrituras e do sistemas filosóficos jainistas. Eles transmitem o seu saber para os Sadhus e Sadhvis.

SADHUS E SADHVIS


Homens e mulheres jainistas podem optar pela vida ascética quando ainda bem jovens, mas, muitos, só bem mais tarde tomam essa decisão. Encontram-se muitos monges e freiras jainas que já foram chefes de família.  Quando chefes de família desprendem-se dos aspectos mundanos da vida e passam a ter como meta a elevação espiritual, eles abdicam da sua vida comum e tornam-se Sadhus (monges) ou Sadhvis (freiras). Antes, porém, de se tornarem ascetas, eles devem observar a vida de outros Sadhus ou Sadhvis para compreenderem o seu estilo de vida e empenharem-se nos estudos religiosos.  Quando já se sentem confiantes de que serão capazes de adaptar-se as disciplinas e austeridades exigidas, informam isso a um Acharya. Se o Acharya confirmar que estão aptos, lhes concede o Deksha. O Deksha é a cerimômia de iniciação. Nela o monge ou freira faz os seguintes  votos:


Compromisso de não-violência (Ahimsa) - não cometer qualquer tipo de violência.  A não-violência é a maior de todas as virtudes, o núcleo de todos os textos sagrados e é a totalidade e a essência de todas as virtudes.


Compromisso de veracidade (Satya) - não ser protagonista de qualquer tipo de mentira ou falsidade. Uma pessoa que fala a verdade torna-se confiável, respeitável e querida. Veracidade é a morada da austeridade.


Compromisso de não roubar (Asteya) - não tomar nada, a menos que lhe seja dado. Um monge jamais deve usufruir de objetos roubados, jamais deve acicatar outra pessoa a furtar, burlar impostos, usar pesos e medidas falsos, adulterar documentos ou valores, etc.


Compromisso de continência sexual (Brahmacaria) - não entrar em quaisquer atividades sensuais. Toda a energia deve ser direcionada para assuntos que emancipem a alma dos grilhões do sansara (ciclo de mortes e renascimentos).


Compromisso  de não-posse - não adquirir mais do que o necessário para se manter.  Deve abster-se de acumular bens desnecessários devido a ganância insaciável, pois isso representa regredir na senda espiritual. Mahavira ensinou que a propriedade do objeto em si não é possessividade, no entanto apego a um objeto é possessividade.

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