quarta-feira, 20 de maio de 2015

AHIMSA NÃO É UMA RELIGIÃO V


COMO A REVERÊNCIA PELA VIDA E O VEGETARIANISMO PODEM NOS LEVAR À PAZ MUNDIAL

Escrito por Gurudev Shree Chitrabhanuji




Se a guerra é a imagem da explosão, o comer carne é uma pequena amostra. Em outra palavras, a guerra é a versão ampliada do fato de comermos carne. Na, aparentemente, pequena arena da exploração animal, as sementes da guerra se desenvolvem. Por que? Porque cada vez que recusamos a considerar de onde veio o nosso jantar e a que custo para outros seres da natureza, estamos causando dor e desvalorizando a vida.  Enquanto conceitos, tais como - fins lucrativos, o paladar, a força muscular - forem mais importantes para nós do que a vida em si, estaremos apoiando e perpetuando uma mentalidade que pode levar à guerra.

A mentalidade que trata outros seres sencientes como se fossem máquinas insensíveis* é a mesma que concebe jogar bombas sobre populações inteiras e enviar seus próprios filhos para transportá-las. Como evitar que aqueles que fecham os olhos para a dor de criaturas indefesas não fechem os olhos para a dor e a perda de vidas humanas?  Estamos acostumados a nos isentar de qualquer responsabilidade por tais atos e, por isso, nossa mente se torna fraca e covarde; na verdade, permitimos que alguém faça o abate, que alguém mate por nós, que alguém aperte os botões da guerra nuclear.

* Só nos Estados Unidos, milhares e milhares de aves são abatidas todos os anos para consumo. Quase todas são submetidas a um processo de linha de montagem.  Galinhas, patos e outra aves são penduradas pelos pés com uma correia; são, então, transportadas através de máquinas em movimento para que suas cabeças sejam cortadas, o sangue drenado e as penas removidas.  O gado é marcado com um ferro em brasa (também chamado de ferrete), descornados e castrados antes de serem enviados para confinamento - ou currais de engorda. Muitos morrem antes mesmo de chegar aos matadouros devido a stress, doenças ou manuseamento brutal.  Quando são transportados, muitos, também, sucumbem por causa da superexposição ao calor ou frio e por ficarem privados de comida e água por um a três dias. Vacas, bezerros, carneiros e porcos são mortos ou com uma marreta (ainda o método mais primitivo e amplamente utilizado) que desfere vários golpes, ou uma faca (usada em animais ainda totalmente conscientes que são içados por uma correia presa às pernas), ou uma pistola de dardo elétrica.

Mas precisamos assumir a responsabilidade, pelo menos em parte, de tudo o que fazemos - sejam coisas boas ou más. Dessa forma removeremos os antolhos dos nossos olhos. Precisamos ver claramente que a miséria que estamos a infligir aos outros, deliberadamente, já está voltando para nós como um bumerangue, individual e coletivamente. Então, não vamos ter receio de reconhecer que, de fato, as causas da guerra está em nós - em nossa ignorância em reconhecer o valor incomensurável de cada vida.




É preciso coragem para dar uma boa olhada em nossas fraquezas, em nossas omissões, em nossos descasos, em nossa tendência de empurrar para o outro as nossas responsabilidades. Mas o segredo é que quando olhamos pra tudo isso não estamos mais na ignorância. O espinho em nossa consciência é removido e, com ele, a causa da nossa dor. Isto é o que significa experimentar a dignidade da nossa própria vida. Então, não podemos suportar causar dor a quem quer que seja; paramos de violar as leis da vida. As sementes da guerra não podem crescer em consciências amorosas e gentis.

O vegetarianismo consegue nos ajudar a ter uma nova percepção, porque nos puxa para fora da iniquidade de ver outros seres através dos olhos frios do intelecto - como objetos a serem aniquilados, dominados, usados. De acordo com o que ensina o jainismo, inimigos não existem. Não há opositores - ninguém é inferior ou superior.  Há apenas outros seres vivos. E cada um de nós quer ser amado; nenhum de nós quer ser torturado ou morto.  Se pudermos ensinar isso a nossos filhos através do nosso exemplo - um exemplo efetivo - o mundo, seguramente, se aproximará da paz que anseia.

Ao invés de esperar que os outros mudem, comecemos por mudar a nós mesmos. Quando reduzimos as vibrações violentas acumuladas no corpo e na mente, passamos a liberar e exteriorizar a nossa própria energia saudável e positiva.  Isso cria um campo magnético em torno de nós que atrai saúde, paz, bondade e equilíbrio para nós.


Para aqueles que divergem de nós procuremos ouvi-los e compreendê-los  com amizade incondicional, honrando a vida de cada um.  Em lugar de ser dogmático ou argumentativo, vivamos  e deixemos que os outros vivam. Eles têm o direito de ter seus próprios pensamentos e opiniões. A diferença entre nós e eles é que permaneceremos isentos de criar guerras em nome de patriotismos, capitalismos, fanatismos e outros ismos. Haverá tempo em que a paz será valorizada como algo acima e além de qualquer outra prioridade. Com essa convicção, plantemos sementes de bondade e confiança para podermos cuidar de toda natureza viva.




Gurudev Shree Chitrabhanuji


A liberdade e a serenidade do nosso espírito fará a maior contribuição para a nossa paz pessoal e a paz na terra.  Quanto mais percebermos e venerarmos a santidade intrínseca de todos os seres vivos, mais o poder de nossa bondade amorosa poderá chegar a todos os cantos do universo e curá-lo com seu bálsamo pacífico.


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